
O próprio do desejo: a emergência da diferença extensiva entre os viventes (Aikewara, Pará)
2016; Volume: 24; Issue: 24 Linguagem: Português
10.11606/issn.2316-9133.v24i24p487-504
ISSN2316-9133
Autores Tópico(s)Environmental Sustainability and Education
ResumoPara os Aikewara, povo Tupi-Guarani do sudeste do Pará, todo corpotem o seu caminho (apé), algo que lhe é próprio, que o define de uma maneiraprofunda. Homem (akuma’é), ou mulher (kusó) é aquele que caminha enquantotal, que percorre o caminho que é próprio desse tipo de corpo. Contudo, o caminhoé menos um destino do que uma trilha que pouco a pouco se inscreve noseio da floresta, como diziam os próprios Aikewara: o caminho de um corpo nãoestá dado e por isso mesmo pode ser desviado. O que se passa, portanto, quandoum homem se desvia do caminho que lhe era próprio e “avança” como mulher?Isto é, o que acontece quando este se comporta como uma mulher? Com efeito,a finalidade deste texto é apresentar ao leitor o esboço de uma ontologia na qual,para todos os fins, um corpo pode vir a se tornar outro, em que um homem podevir a se tornar efetivamente uma mulher e vice-versa. Para tanto, tomamos comoexemplo a leitura que a filosofia aikewara faz do desejo.
Referência(s)