Ensaio, montagem e arqueologia crítica das imagens : um olhar à série História(s) do Cinema, de Jean Luc Godard

2015; Universidade da Beira Interior, Portugal (UBI) & Universidade Estadual de Campinas, Brasil (UNICAMP); Issue: 19 Linguagem: Português

ISSN

1646-477X

Autores

Gabriela Machado Ramos de Almeida,

Tópico(s)

Visual Culture and Art Theory

Resumo

A tese apresenta uma reflexao sobre o ensaismo no cinema, a partir de um olhar a serie Historia(s) do cinema, produzida pelo cineasta franco-suico Jean-Luc Godard entre os anos de 1988 e 1998, e exibida pela emissora de TV francesa Canal+. A inquietacao que origina a pesquisa e a necessidade de melhor compreender o que significa um exercicio de pensamento audiovisual, tao atribuido as obras filmicas de teor ensaistico e a propria serie de Godard – e ao mesmo tempo tao pouco problematizado. Esta preocupacao norteou a elaboracao das duas questoes centrais em torno das quais a investigacao orbita e que ao mesmo tempo busca responder: como se constitui um pensamento por e com imagens? E que saberes a respeito do mundo historico sao engendrados pela escritura ensaistica no cinema, no caso de uma obra como Historia(s) do cinema? O trabalho aposta num cruzamento entre os campos da Comunicacao e das Artes e se insere num nicho de estudos ainda em construcao no seio da pesquisa em cinema, que floresceu especialmente nas ultimas duas decadas, e vem se dedicando aos produtos audiovisuais que fogem as convencoes de ge- nero mais marcadas (entre os quais os ensaios filmicos). A estrutura da tese e composta por tres partes: 1) Cinema, uma forma que pensa; 2) Montagem, essa bela inquietacao e 3) Nem arte, nem tecnica: um misterio. A primeira e dedicada a apresentacao do conceito de ensaio filmico e a discussao sobre a sua conflituosa relacao com o metodo, a partir de escritos recentes de autores como Josep Maria Catala (2014a, 2014b, 2014c) e Antonio Weinrichter (2007, 2009), bem como de textos das teorias do cinema em que foi identificado um devir-ensaio, como em Hans Richter (1940) e Alexandre Astruc (1948). Na segunda parte, e discutida a nocao de pensamento visual, partindo principalmente das contribuicoes teoricas de Didi-Huberman (2011, 2013) ao estudo das imagens e de algumas experiencias de saber visual mapeadas e trazidas atona, que funcionam como uma especie de preludio a analise de Historias(s) do cinema. Sao elas o Atlas Mnmemosyne de Aby Warburg, o museu imaginario de Andre Malraux e o trabalho de curadoria de Henri Langlois junto a Cinemateca Francesa. Na terceira parte, a serie Historia(s) do cinema e analisada a luz do conceitos de gesto, em Giorgio Agamben (2008, 2012) – des- dobrado em duas categorias: gesto arqueologico e gesto apropriativo –, e de visibilidade e legibilidade, em Didi-Huberman (2010, 2012, 2013), buscando identificar como se manifesta um exercicio de pensamento audiovisual e como Godard pratica uma especie de arqueologia critica das imagens em sua obra. No entendimento a que se chegou com a pesquisa, o ensaio filmico se baseia na exploracao critica do dispositivo e num pensamento por montagem, ambos tracos constituintes de Historia(s) do cinema .

Referência(s)