
A loucura na literatura fantástica do século XIX: o resgate da voz do louco como questionamento da norma
2016; Jair Sindra Virtuoso Junior; Volume: 5; Issue: 2 Linguagem: Português
10.18554/rs.v5i2.1226
ISSN1983-3873
AutoresElaine Cristina dos Santos Silva,
Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
ResumoDiferentemente dos discursos comuns, a fala do louco é ambígua, revela a impossibilidade do conhecimento seguro sobre o mundo. O louco percebe as inconsistências da realidade e dá lugar a esse discurso, discordando do “discurso correto”, evidenciando o caráter fragmentário e problemático do mundo e a experiência de habitá-lo. Refletindo sobre alguns contos do autor francês Guy de Maupassant (1850-1893), demonstraremos a maneira como o autor, cuja obra reúne abundante número dessas personagens, retrata o louco e, assim, poderemos refletir acerca da desorganização da personalidade. Sabendo que a loucura é um conceito historicamente forjado, que muda conforme mudam as sociedades, investigaremos como se dá a construção formal da loucura no século XIX, que encontra suporte adequado na literatura fantástica praticada por autores como Maupassant. De acordo com Bessière (1974), esse tema remonta ao questionamento da cultura, na qual o indivíduo não se encaixa ou consegue expressar plenamente sua individualidade. Daí a importância do resgate da voz do louco pela literatura, pois, se o discurso científico isola a loucura e a desqualifica em favor da razão, o discurso literário resgata esteticamente essa voz para propor questionamentos e relativizar a lógica das práticas cotidianas por meio dos mecanismos formais da arte.
Referência(s)