
NICHOLAS, Lynn H. Europa saqueada: o destino dos tesouros artísticos europeus no Terceiro Reich e na Segunda Guerra Mundial. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 538 p.
1997; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL; Volume: 3; Issue: 7 Linguagem: Português
10.1590/s0104-71831997000300018
ISSN1806-9983
AutoresSílvia Regina Ferraz Petersen,
Tópico(s)Art, Politics, and Modernism
ResumoE uma tarefa audaciosa pretender resenhar em uns poucos paragrafos uma obra de 538 paginas com um tema tao amplo e complexo: a analise da violacao que o nazismo fez em uma certa concepcao de civilizacao fundamen-tal para o ocidente, utilizando para isto a investigacao do saque e destruicao do patrimonio cultural dos paises ocupados e das desesperadas e insolitas estra-tegias utilizadas no salvamento destas obras por intelectuais, “marchands” ou pessoas comuns, concluindo com o acomp anhamento da dificil recuperacao de muitas delas no apos guerra.O titulo poderia sugerir ao leitor que, no rastro da extraordinaria violencia que caracterizou o avanco do nazismo pela Europa, esta seria outra investida por microtematicas inusitadas, tao ao gosto de uma certa historiografi a. No entanto, desde as primeiras paginas descobre-se que, mais do que perseguir o destino do patrimonio artistico da Franca, Holanda, Polonia, Russia e da propria Italia de Mussolini (com extensao a Gra-Bretanha, Estados Unidos, Portugal e Espanha), mais que considerar o saque como uma consequencia natural de um estado de guerra, Lynn Nicholas demonstra que existe uma intencao deliberada nesta violacao das obras de arte: do que se trata e da im-plementacao das conviccoes ideologicas da politica cultural nazista, alicer-cada no pangermanismo, no anti-semitismo e nas humilhacoes sofridas pela Alemanha no Tratado de Versalhes. Tal politica teve sua aplicacao inicial na propria Alemanha, que nos anos de ascensao do nazismo procurou depurar a cultura ariana da arte moderna, considerada degenerada e ameacadora a or-dem e seguranca do nacional-socialismo. Como observa a Autora, “jamais as obras de arte tinham sido tao importantes para um movimento politico e nunca antes elas foram removidas em tao larga escala, meros joguetes de lances cini-cos e desesperados de ideologia, ganância e sobrevivencia” (p. 484).
Referência(s)