Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

VIRANDO FUNAI: UMA TRANSFORMAÇÃO KANAMARI

2016; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO; Volume: 22; Issue: 1 Linguagem: Português

10.1590/0104-93132016v22n1p10

ISSN

1678-4944

Autores

Luiz Costa,

Tópico(s)

Geographies of human-animal interactions

Resumo

Resumo: Os Kanamari (Katukina, Amazonas) dizem que estão "virando Funai". Virar Funai pode expressar aspirações práticas, como o desejo de trabalhar para a Fundação Nacional do Índio. Mais usualmente, no entanto, refere-se a um processo difuso e coletivo que leva os Kanamari a aceitarem com entusiasmo as regras que a Funai lhes impõe e a emularem ou exagerarem algumas de suas convenções. Isto inclui tatuar insígnias do Estado brasileiro em seus corpos, deixar de trabalhar aos domingos, usar roupas com logotipos da Fundação e dar a seus filhos os nomes de funcionários do órgão indigenista. Neste artigo proponho que, longe de ser a consequência sui generis da subsmissão dos Kanamari ao aparato do Estado brasileiro, "virar Funai" é um processo que deve ser compreendido em relação à história e à mitologia kanamari. À luz deste contexto, "virar Funai" surge como uma transformação lógica de ideias kanamari mais antigas sobre assimetria e submissão quando estas se defrontam com a política tutelar do Estado brasileiro.

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