"Also spricht meine Seele". O Zaratustra de Nietzsche no Livro vermelho de Jung: a verdade como vida entre experiência e experimento
2016; UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA; Volume: 37; Issue: 2 Linguagem: Português
10.1590/2316-82422015v3702ll
ISSN2316-8242
Autores Tópico(s)German Literature and Culture Studies
ResumoResumo Sabe-se que o encontro com o pensamento de Nietzsche foi realmente crucial para Jung; pode-se provar pelos seminários realizados por ele entre 1934 e 1939 e dedicado à interpretação de Assim falou Zaratustra. Traços da influência deste trabalho estão presentes na estrutura, linguagem, temas e atmosferas do Livro vermelho, bem como referências explícitas ao próprio Nietzsche. Aqui eu gostaria de propor um levantamento preliminar de alguns desses vestígios. Será uma pesquisa muito limitada, a fim de possibilitar reflexões mais amplas. Os vestígios revelam uma afinidade básica entre os textos de Nietzsche e Jung, e confirma um horizonte temático e teórico comum. Acima de tudo, parece-me - e eu vou tentar provar isso - que ambas as obras compartilham uma função semelhante como dispositivos performativas de representação, mas também da produção da verdade e do confronto com ele. Na esteira dessa linha de argumento, vou me concentrar em alguns dos núcleos textuais no Livro vermelho, relacionando com a questão da verdade em Nietzsche. Nas páginas de Ecce homo que são dedicadas a Zaratustra descobrimos, de forma concentrada, questões que, como veremos, serão retomadas e desenvolvidas também no Livro vermelho: Zaratustra é definido como uma "revelação da verdade" expressa por símbolos; uma "investigação sobre a alma", uma obra em que "o que está mais próximo, o que é realmente diário, fala [...] de coisas inéditas". E a personagem Zaratustra como um homem que se "sente a mais elevada espécie de existência" justamente porque tem "acesso a todos as oposições", sem a isso sucumbir; a mais profunda e conciliadora alma, capaz de experimentar o tempo da maneira mais abissal e imanente do eterno retorno; expressão do "conceito de Dioniso", uma visão antiga, porém renovada do divino e do sagrado.
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