Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

“Ave Maria Cheia de Faces”: Sobre a emergência do espiritual em meio ao retorno do religioso na pós-modernidade

2016; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS; Volume: 11; Issue: 19 Linguagem: Português

10.5752/p.1983-2478.2016v11n19p158

ISSN

1983-2478

Autores

Ceci Maria Costa Baptista Mariani,

Tópico(s)

Urban and sociocultural dynamics

Resumo

<p><span>É certo que a modernidade trouxe para o ocidente o processo de secularização e a consequente diminuição do poder social da religião. O colapso das grandes narrativas e o enfraquecimento das instituições aprofundaram o movimento que foi relegando a religião à intimidade do sujeito. No contexto da ilustração, a liberdade religiosa é concedida ao sujeito contanto que sua prática não afete o espaço público. Contudo, ao contrário da análise daqueles dos teóricos da secularização que previam o fim da religião, tem-se observado na contemporaneidade o chamado “retorno do religioso”. Em meio à consolidada secularização moderna emerge uma diversidade de fenômenos religiosos. Estamos vivendo, de fato, um tempo de pluralismo religioso. Este artigo propõe a análise do enredo “Ave Maria cheia de faces”, apresentado no desfile da Escola de Samba Águia de Ouro no carnaval de 2016, no sambódromo do Anhembi em São Paulo. Nossa hipótese é que essa apresentação artística representa a emergência do religioso na pós-modernidade, no entanto, por suscitar movimentos espirituais mais densos e profundos, pode ser identificada como um fenômeno que indica o retorno do espiritual. Observamos, portanto, uma religião sem religião que reflete, paradoxalmente, uma busca espiritual mais profunda, para além da espiritualidade do consumo tão bem descrita por Lipovetski (2007) em sua crítica à contemporaneidade. Colocamo-nos diante da apresentação desse enredo em desfile na avenida, como diante de uma obra de arte que traduz esse fenômeno religioso. Usamos neste trabalho o método teórico, elegendo como interlocutor privilegiado o teólogo mexicano Carlos Mendoza-Ávarez, em sua obra <em>O Deus escondido da pós-modernidade</em>, que trata de entender a religião na pós-modernidade em diálogo com a filosofia, focando principalmente os autores que trabalham com a desconstrução (Vattimo, Derrida). Este artigo é, portanto, uma leitura filosófico-teológica dessa apresentação artística, buscando identificar elementos de uma espiritualidade profunda nesse contexto paradoxal onde se proliferam propostas religiosas em resposta às exigências do consumo.</span></p>

Referência(s)