Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

A mentira da verdade onto-teo-lógica: logos e areté em performação

2016; UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO; Volume: 23; Issue: 2 Linguagem: Português

10.5335/rep.v23i2.6539

ISSN

2238-0302

Autores

Lúcia Schneider Hardt, Danilo José Scalla Botelho, Rodrigo Mafalda,

Tópico(s)

Schopenhauer and Stefan Zweig

Resumo

A formação ou paideia seria impensável sem outros dois conceitos, a saber: areté (excelência ou excelência política) e, sobretudo, logos (discurso). O objetivo deste artigo é, portanto, a partir do Prólogo e do capítulo O adivinho, da obra Assim falou Zaratustra, de Nietzsche, diferenciar genealogicamente dois tipos de logoi, que implicam distintas aretai (excelências políticas): um tipo onto-teo-lógico, ligado a alguma verdade incondicional, outro logo-lógico ou performático (sofista), em que se performam verdades condicionais. Tendo como pano de fundo a investigação de Bárbara Cassin acerca do “logos sofista” e como fio condutor o aforismo 1 de Ecce Homo, a hipótese é que Zaratustra, ao questionar uma verdade única ontoteológica e admitir diferenciações, serve-se mais do logos performático – e “farmacológico”, que cria realidades, no sentido de Protágoras – do que o santo e o adivinho. Questiona-se, desse modo, se as democracias e seus respectivos sistemas educativos contemporâneos (com os “partidos” inclusos) seriam suficientemente fortes para aceitar o tensionamento, a erística e a agonística, os nômades, a diferenciação, os que sobram, os que faltam, bem como outro(s) discurso(s) que não o hegemônico (ou “verdadeiro”), que representa “fielmente” o real. O povo não entendeu (o logos de) Zaratustra, preferiu o último homem. Hoje, o entenderia?

Referência(s)