Por uma Antropologia da Mobilidade
2011; Volume: 42; Issue: 2 Linguagem: Português
ISSN
2318-4620
Autores Tópico(s)Migration, Racism, and Human Rights
ResumoA experiencia de mudanca nos registros do tempo e do espaco, produzindo uma especie de “avizinhamento” de partes antes remotas do mundo, defi nitivamente, nao e algo novo, produto especifi co da contemporaneidade. Diversos pensadores ja sinalizaram que tal “movimento totalizante”1 possui uma historia, tendo como raizes a expansao do capitalismo e o advento e consolidacao das sociedades industriais, eventos localizados entre os seculos XV-XIX. O que e interessante perceber, no entanto, e a radicalizacao deste “estreitamento” do mundo na atualidade, culminando, talvez, na producao de um espaco de “hiperconexao”2, de extrema mobilidade, que nao mais se restringe as pessoas, mas que engloba, tambem, produtos, imagens, informacoes e, ate, desperdicios3. A nova constituicao espaco-temporal, marcada pelo fl uxo incessante de toda sorte de coisas e pessoas, implica a confi guracao de um cenario altamente desafi ador que nao pode mais ser compreendido a partir da utilizacao de referencias, sejam elas cientifi cas ou politicas, balizadas por valores como os de “estabilidade” ou “fi xidez”. E dentro desse movimento de infl exao, de assuncao das interpelacoes e das ambivalencias que marcam o cenario atual, que a obra Por uma Antropologia da mobilidade, de autoria do antropologo frances Marc Auge, parece se inscrever. Sem deixar de dialogar com tematicas ja presentes em outras producoes suas – como territorio, espaco, globalizacao e cultura –, Auge posiciona-se no titulo em questao como um pensador tambem preocupado com a dimensao da atuacao politica, fazendo-se, inclusive, uma especie de proponente de uma agenda para os tempos atuais. Por uma Antropologia da mobilidade e composto por seis capitulos, estruturados entre uma apresentacao e uma conclusao, contando, ainda, com um “Prefacio a edicao brasileira”. Logo nas primeiras paginas do livro, Auge anuncia o tom de sua analise: ele procura trabalhar o “paradoxo”, o carater ambivalente daquilo que chamou de “mobilidade sobremoderna”. O sentido de “sobre” no adjetivo “sobremoderno” deve ser entendido no sentido que ele possui em Freud e Althusser, na expressao “sobredeterminacao”, o sentido do ingles “over”; ele designa superabundância de causas que complica a analise dos efeitos (p. 15). Expressando-se pelas migracoes, praticas de turismo, mobilidades profi ssionais, mas igualmente pela instantaneidade da comunicacao, pela intensa circulacao de imagens, produtos e informacoes, a mobilidade sobremoderna guardaria relacao com um mundo pautado por valores como “desterritorializacao” e R E S E N H A
Referência(s)