Artigo Acesso aberto Revisado por pares

A transnacionalização de objetos escolares no fim do século XIX

2016; Universidade de São Paulo, Museu Paulista; Volume: 24; Issue: 2 Linguagem: Português

10.1590/1982-02672016v24n0204

ISSN

1982-0267

Autores

Wiara Rosa Rios Alcântara,

Tópico(s)

Historical Education and Society

Resumo

RESUMO Este artigo propõe reflexão sobre a transnacionalização2 de objetos escolares no fim do século XIX, dando especial atenção às carteiras. Nesse período de estruturação da escola moderna, pública e obrigatória em muitos países do Ocidente, observa-se uma circulação internacional de discursos e saberes sobre o corpo infantil, o corpo do cidadão escolarizado, no âmbito da higiene pública e escolar. Ao lado das questões pedagógicas, médicas e higiênicas, a industrialização, as inovações tecnológicas e a globalização propiciam a fabricação e a difusão de um novo objeto que se tornaria cada vez mais imprescindível ao funcionamento das instituições de ensino, a carteira escolar. A partir da análise dos catálogos das indústrias de mobiliário escolar, discorro sobre os modelos de carteira mais hegemônicos, expostos nas exposições universais do século XIX. Destaco as empresas norte-americanas e francesas que disputavam a liderança do mercado de mobiliário escolar, num contexto em que a escola emerge como um importante mercado consumidor. Por meio do relatório do jury da Exposição Pedagógica de 1883, no Rio de Janeiro, é possível perquirir as características técnicas e higiênicas que, no Brasil, estavam sendo apreciadas na fabricação das carteiras. Como resultado, evidencia-se a via de mão dupla da relação entre escola, indústria e Exposições Universais. De um lado, a escola movimenta o mercado. De outro lado, o Estado depende do mercado para produção, em grande quantidade e em curto tempo, de um mobiliário padronizado que corrobore a expansão do ensino.

Referência(s)