Artigo Acesso aberto

Jejum, longevidade e imunidade

2016; Volume: 15; Issue: 1 Linguagem: Português

10.33233/nb.v15i1.109

ISSN

2526-7779

Autores

Jean Louis Peytavin,

Tópico(s)

Genetics, Aging, and Longevity in Model Organisms

Resumo

O jejum forçado ou voluntário é uma experiência antiga da humanidade, muitas vezes codificado por rituais religiosos e valorizado por lendas e mitologias. Curiosamente esta prática tradicional não foi até hoje o objeto de estudos cientí­ficos em grande escala ou apenas para confirmar regras religiosas, como no estudo de uma equipe do Egito [1] que comprovou que o jejum é eficiente em ratos com insuficiência hepática e concluiu que o jejum do Ramadã é certo (durante um mês o muçulmano não pode comer nem beber durante o dia, até o pôr do sol) e que o profeta Maomé tinha razão. Entretanto, outros estudos no animal mostraram resultados positivos do jejum sobre a morbidade e a longevidade, mas sem extrapolação no ser humano.Médicos e nutricionistas prefiram geralmente a restrição alimentar, preservando os horários habituais de refeições, sem perí­odo de jejum. Outras práticas de medicina alternativa propõem o jejum intermitente, com perí­odos alternados de 1, 2 ou vários dias de jejum ou de um dia por semana, etc, que, fora dos benefí­cios habituais da dieta restritiva teria propriedades de "desintoxicação".Segundo Valter Longo, gerontologista, e sua equipe de pesquisas sobre longevidade na Califórnia, o jejum poderia trazer novos benefí­cios ainda pouco conhecidos [2,3]. De fato a alimentação regular com 3 refeições e 2 lanches por dia é uma situação incomum na evolução do ser humano que, provavelmente, viveu mais com refeições irregulares e perí­odos de jejum. Esse modelo pré-histórico que pode ser reproduzido por perí­odos curtos de jejum poderia ser benéfico porque não somente permite reciclar reservas de gordura e de açúcar, mas renovaria o sistema imunitário, pela destruição de uma boa parte dos leucócitos e a estimulação de uma nova produção de células brancas pela medula óssea. Essa técnica seria particularmente útil nos idosos e nas pessoas tratadas por quimioterapia, para renovar o sistema imunitário e diminuir a incidência das doenças infecciosas ligadas ao envelhecimento ou ao câncer. Se os estudos em pacientes atualmente em andamento chegam a conclusões positivas, é uma nova perspectiva para a nutrição clí­nica.

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