Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Incorporando Exú: a (in)versão colonial na demarcação / dominação do Outro.

2011; Autonomous University of Barcelona; Volume: 15; Issue: 2 Linguagem: Português

10.5565/rev/periferia.567

ISSN

1885-8996

Autores

J. Flávio Ferreira, Fernanda Maria da Costa Vieira,

Tópico(s)

Global Maritime and Colonial Histories

Resumo

Este trabalho visa compreender as permanências do pensamento colonial, eurocêntrico, que no processo “civilizacional” buscou sedimentar o imaginário do negro como um bárbaro, incivilizado, e que, portanto, ao não ser portador de uma significância existencial também não seria produtor de uma “cultura”. A análise parte das transformações ocorridas no imaginário social sobre o mito da divindade exú ao longo do processo colonial no Brasil. Exú exerce a função transversal nas religiões brasileiras de matriz africana como um trickster, a interpretação da sua figura ora como algo positivo ora como algo negativo - voltado ao mal - reflete não só o seu controverso papel ritual, mas antes as próprias apreensões coloniais dos processos culturais originários do continente africano; no mesmo sentido em que parece apontar para o intento do projeto colonial com relação à sua necessidade de subjugação do outro e apropriação do discurso do colonizador por este último. Estes processos remetem a uma série de perguntas, dentre elas o porquê – considerando-se as variações rituais de Exú na umbanda e no candomblé – a perspectiva colonial “demonizada” desta divindade acabou por influenciar os cultosafro-brasileiros, ou seja, os cultos levados a cabo justamente por aqueles que teoricamente possuíam mais conhecimento dos ritos “originais”.

Referência(s)