Artigo Acesso aberto Revisado por pares

Public opinion

2008; Associação de Actividades Científicas; Issue: 55 Linguagem: Português

10.4000/lerhistoria.2260

ISSN

2183-7791

Autores

Ana Cristina Araújo,

Tópico(s)

Historical Education and Society

Resumo

Os dicionários portugueses publicados no século XVIII ignoram o sintagma «opinião pública». Apesar da dicionarização tardia da expressão «opinião pública», o seu emprego documenta-se desde o último quartel do século XVIII. No modo de comunicação instaurado pelas elites esclarecidas das Luzes, a distância, por vezes a coberto do anonimato, e a ética do compromisso com o bem público caracterizam o aparecimento dessa instância deliberativa invisível, que conquista audiência graças ao livre exercício da crítica e à publicidade sem proximidade. Durante a Guerra Peninsular e, sobretudo, depois da Revolução liberal de 1820, a luta pela independência dos diferentes órgãos de opinião ocorre no contexto da separação da sociedade civil do Estado. A esfera pública reclama o controlo do executivo e do parlamento. A defesa da liberdade de imprensa, a existência de partidos políticos, a publicidade dos debates parlamentares, o regime eleitoral e a livre manifestação de ideias constituem, portanto, tópicos fundamentais na teorização que Almeida Garrett faz do novo conceito. Graças à imprensa, ao teatro, à escola e à acção de influentes associações cívicas, a força da propaganda democrática tornou-se, mais tarde, sinónimo do poder irreprimível da opinião pública.

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