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Religiões Afro-Brasileiras e Organizações Carnavalescas de São Paulo: Santos e Orixás na Vai-Vai e a Tradição no Bairro da Bela Vista

2015; Volume: 19; Issue: 19 Linguagem: Português

10.15603/2176-0934/aum.v19n19p195-213

ISSN

2176-0934

Autores

Carlos Alexandre,

Tópico(s)

Arts and Performance Studies

Resumo

Este trabalho apresenta um estudo sobre a relacao das manifestacoes culturais negras com as religioes afro-brasileiras, a partir do dialogo que ocorre entre a Escola de Samba Vai-Vai e o candomble, baseado no levantamento realizado entre julho de 2014 e fevereiro de 2015, para a monografia de Ciencias da Religiao da PUC (SP), avaliando o papel da midia na fragmentacao da interpretacao do elo existente entre as organizacoes carnavalescas de Sao Paulo e a religiosidade. Com uma nova abordagem, nao tratamos do tema sob a otica da festa e da musicalidade, mas, sim, da complexidade do elo sagrado e profano e o limite sutil entre a reacao e o estado religioso (FERRETI, 2007, p. 3) na cultura afro-brasileira. Destacamos o modo como uma das principais escolas de samba da cidade de Sao Paulo mantem e reinventa uma tradicao (HOBSBAWM; RANGER, 1984), que muda a funcao do espaco fisico e a propria relacao com seus seguidores e com a comunidade do bairro da Bela Vista (Bixiga), onde esta instalada. A escola foi fundada em 1930, por um grupo de negros que participavam das festas de Bom Jesus de Pirapora, no interior de Sao Paulo, entre as decadas de 1930 e 1940, onde descendentes de escravizados, apartados da festa da elite e das celebracoes na igreja matriz, promoviam batuques, rezas e rituais. Hoje esta heranca e observada no espaco fisico da escola, que possui altares de santos catolicos, rituais, agenda de cultos ecumenicos e onde um especialista religioso, um pai de santo, transforma o ambiente fisico em metafisico (VILHENA, 2012, p. 57), em uma extensao do terreiro de candomble. A Vai-Vai ainda promove procissoes, festas ao som de atabaques em louvor a Sao Jorge e Sao Cosme e Damiao, e ajuda na organizacao da Festa de Nossa Senhora Achiropita e das missas afro da igreja, localizada no mesmo bairro. A escola de samba tem como patronos os orixas Exu e Ogum, considerados guerreiros e donos da rua, principal espaco de competicao do carnaval. Um elo complexo que a partir de um olhar aprofundado, e nao multifacetado, apresenta uma devocao aos orixas que esta para alem do samba-enredo.

Referência(s)