Artigo Acesso aberto Revisado por pares

Usos do passado e apropriações patrimonais em territórios quilombolas de Santa Catarina

2016; Volume: 5; Issue: 2 Linguagem: Português

10.21726/rccult.v5i2.300

ISSN

2316-395X

Autores

Fernanda Mara Borba,

Tópico(s)

Urban Development and Societal Issues

Resumo

Esta proposta de trabalho apresenta um estudo no âmbito da História do Tempo Presente sobre os usos do passado e as apropriações patrimoniais inseridas nos percursos do reconhecimento dos remanescentes das comunidades dos quilombos em Santa Catarina. Esse direito se tornou uma possibilidade com a Constituição brasileira de 1988, que também permitiu o desenvolvimento de outras políticas voltadas aos povos e comunidades tradicionais (quilombolas e indígenas). Com as recentes discussões acerca do conceito de patrimônio e das outras formas de “patrimonializar”, esses indivíduos passaram a ser alvo das ações patrimoniais entendidas como prioritárias. Especialmente acerca dos remanescentes das comunidades dos quilombos, para esses procedimentos se acionam, ademais da sociedade civil, agentes do Estado como a Fundação Cultural Palmares, o Incra e o Iphan, vinculados ao Ministério da Cultura e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. Em Santa Catarina, entre 2004 e 2014, foram efetuadas 13 certificações dos remanescentes das comunidades dos quilombos pela Fundação Cultural Palmares, sendo três inventariados pelo Iphan, no plano do patrimônio imaterial, e um titulado pelo Incra. Uma vez que essas ações se encontram imbricadas, tem importância pensar sobre os usos do passado na construção de narrativas identitárias, que mobilizam referenciais da História e de uma memória coletiva-partilhada em torno de um reconhecimento. Acrescenta-se ainda a menção recorrente de uma temporalidade associada aos ancestrais e suas heranças culturais que, mobilizada no presente, reforça a conquista de um atual espaço. Para exposição, o estudo enfatiza as comunidades do Sertão de Valongo, em Porto Belo, Invernada dos Negros, em Campos Novos, e São Roque, entre Praia Grande e Mampituba, inicialmente certificadas em Santa Catarina. Para tanto, o estudo analisa e interpreta um conjunto variado de fontes documentais (escritas, iconográficas e orais) e materiais de publicização do Iphan, presentes nos processos formados para reconhecer os remanescentes e inventariar o patrimônio cultural. Este trabalho faz parte de uma pesquisa de doutorado em andamento do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e se vincula ao Laboratório de Patrimônio Cultural (LabPac) desta Instituição.

Referência(s)