Artigo Produção Nacional

Roça sem fogo: a visão de agricultores e técnicos sobre uma experiência de manejo na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, Amazonas, Brasil

2016; Volume: 6; Issue: 2 Linguagem: Português

10.37002/biobrasil.v%vi%i.526

ISSN

2236-2886

Autores

Angela May Steward, Camille Rognant, Samis Vieira do Brito,

Tópico(s)

Conservation, Biodiversity, and Resource Management

Resumo

Este ensaio apresenta uma analise critica de um trabalho de extensao agroflorestal conduzido na Amazonia Central (Amazonas, Brasil) entre 2011 e 2013 pelo Programa de Manejo de Agroecossistemas do Instituto de Desenvolvimento Sustentavel Mamiraua. As iniciativas agroflorestais basearam-se em principios agroecologicos para promover o uso sustentavel das areas florestais. O centro da proposta foi a implementacao de areas agricolas sem o uso do fogo – essencial para a agricultura migratoria da regiao. No contexto da implementacao das politicas internacionais de mudancas climaticas nos paises em desenvolvimento, e especificamente da multiplicacao dos projetos de REDD+ (Reducao de Emissoes provenientes de Desmatamento e Degradacao florestal), iniciativas para conter o uso do fogo e para reduzir o desmatamento estao em curso na Amazonia desde 2008. O nosso estudo de caso oferece uma visao “a partir do campo” sobre a relacao entre os promotores dessas politicas e as populacoes locais. Nos analisamos como os agricultores ribeirinhos receberam e incorporaram as iniciativas agroflorestais e a proposta para plantar sem uso do fogo nas praticas locais, focando nos resultados preliminares de oito areas experimentais implantadas na Reserva de Desenvolvimento Sustentavel Amana entre 2011 e 2013. Com base em observacoes de campo, relatorios e entrevistas com os agricultores, nos descrevemos os metodos usados para implementar as areas experimentais, as praticas alternativas de manejo apresentadas aos agricultores durante o trabalho de extensao, e como essas tecnicas diferem das praticas locais. Nos refletimos sobre as licoes que emergiram do encontro entre tecnicos e agricultores durante as capacitacoes e discutimos as diversas formas com que os agricultores se envolveram nos experimentos. Nos concluimos que os futuros trabalhos de extensao agroflorestal deveriam levar em conta melhor esses parâmetros e procurar compreender as relacoes sociais e de parentesco atraves das quais os agricultores trocam conhecimento e sementes. Os atores da conservacao poderao disseminar novas praticas de maneira mais efetiva com base nessas redes existentes. O sucesso das atividades em curso depende do desenvolvimento de propostas adaptadas as necessidades e aos interesses dos agricultores. Finalmente, as iniciativas deveriam ser apresentadas como um complemento e nao como um substituto as praticas locais de agricultura migratoria.

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