Artigo Produção Nacional Revisado por pares

A guarda da esposa e a obediência ao marido: a reciprocidade dos deveres conjugais masculinos e femininos nos tratados do rei D. Duarte e de Christine de Pisan (séc. XV)

2016; UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ; Issue: 11 Linguagem: Português

10.24858/238

ISSN

2237-6585

Autores

Mariana Bonat Trevisan,

Tópico(s)

Gender, Sexuality, and Education

Resumo

A partir da Idade Media Central os meios canonicos passaram a ter maior preocupacao em institucionalizar e regularizar as relacoes conjugais. Laicos tambem passaram a refletir sobre estas questoes, fornecendo modelos de comportamento mormente para a nobreza, estrato que deveria ser exemplar para os outros setores sociais. No seculo XV uma nova dinastia tentava se afirmar no trono portugues: Avis, fundada por um bastardo regio. Para superar a ilegitimidade e a quebra do principio hereditario, a nova casa real buscou se legitimar atraves de meios como afirmacao de suas virtudes morais e intelectuais. Neste contexto, o herdeiro do Mestre de Avis, D. Duarte, escreveu o tratado Leal Conselheiro, buscando oferecer exemplos de conduta aos homens da corte e afirmar uma memoria exemplar de sua familia. Coevamente, seu irmao D. Pedro teria mandado traduzir para o portugues o tratado de Christine de Pisan, Le Livre de Trois Vertus (dedicado a formacao das mulheres) que se tornou O Espelho de Cristina e foi oferecido a sua filha, a infanta e futura rainha Isabel. Nestes dois tratados observamos como sao construidos modelos de conjugalidade, estabelecendo uma reciprocidade entre caracteristicas e comportamentos femininos e masculinos na relacao, pois e preciso atentar que a representacao social dos papeis dos generos no casamento possuia mais importância do que o sexo real dos individuos. Assim, nosso proposito e perceber como a prescricao dos papeis de homens e mulheres no casamento, alem de modelo cultural, colabora para a construcao da propaganda e da imagem moral da dinastia de Avis no seculo XV.

Referência(s)