Artigo Acesso aberto Revisado por pares

Metamorfose ambulante: a desidentificação carnavalesca de Ney Matogrosso na militadura brasileira

2016; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS; Volume: 18; Issue: 4 Linguagem: Português

10.20396/etd.v18i4.8646425

ISSN

1676-2592

Autores

Fernanda Ferreira Marcondes Nogueira,

Tópico(s)

Youth, Politics, and Society

Resumo

Este ensaio é um relato crítico sobre a carreira de Ney Matogrosso na década de 1970. Tratamos aqui de ler o repertório estético e político do artista como parte da produção filosófica e crítica brasileira que confronta a ditadura militar e a ordem sexual binária imposta aos corpos, ambas heranças vivas de esferas de controle e dominação implementadas desde a colonização. O texto faz também um chamado a romper com a historiografia tradicional, baseada no acúmulo de informação típico da era do capitalismo cognitivo, em prol de uma epistemologia sensível, que seja capaz de reler repertórios locais populares excluídos do âmbito acadêmico com o intuito de encontrar ali um teoria de gênero situada. A primeira parte desse relato oferece um panorama das motivações que levaram a desenvolver esta pesquisa; logo procura conectar características intervencionistas do trabalho de Ney Matogrosso, a ruptura de expectativas elaborada por ele, e a confrontação de esquemas perceptivos em uma sociedade marcada pela colonialidade e pela ditadura; oferece ainda leituras de época sobre a questão de gênero em seu trabalho e de outros artistas, e termina com trechos de relatos em primeira pessoa de diferentes momentos , onde Ney Matogrosso menciona claramente temas como gênero, sexualidade e sua forma de ativismo artístico, marcado por estratégias camaleônicas, metamórficas, inclassificáveis. As reflexões apresentadas no texto têm como pano de fundo a história da ditadura militar no Brasil, a história dos movimentos homossexuais e feminista, teorias pós-marxistas e pós-estruturais, e políticas existenciais periféricas.

Referência(s)