
O ofidiário e as jararacas: acontecimento midiático, discurso político e deslizamento de sentido
2017; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA; Volume: 16; Issue: 1 Linguagem: Português
10.13102/cl.v16i1.1406
ISSN2594-9675
Autores Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
ResumoNeste texto, analisamos o termo jararaca e as imagens presentes na capa e na reportagem principal da revista Veja, de 16 de março de 2016, a partir da reflexão sobre acontecimento midiático, discurso político e deslizamento de sentido, tendo como suporte teórico e metodológico a Análise de Discurso de linha francesa. Iniciamos o ensaio com a descrição de um enunciado que foi pronunciado pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, no contexto da Operação Lava Jato, para discutir sobre o embate político, jurídico e midiático que tencionou o Brasil no mês de março de 2016. O que estamos chamando, neste ensaio, de deslizamento de sentido refere-se ao fato de o termo jararaca ser reenunciado e provocar efeitos de sentido contrários ao pretendido pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, retomado em palavras equivalentes ou por outras semioses, sob a égide de outra formação discursiva. Esse processo discursivo demarca bem a luta política que se estabeleceu no país no primeiro semestre de 2016, retomado neste texto pela metáfora do jogo de futebol, conforme pensada por Pêcheux (2002). Courtine (2006, p. 82) destaca o papel da memória no jogo de operações que torna possível a constituição e a dispersão do discurso político: “se o interdiscurso, portanto, organiza a recorrência e o reagrupamento de formulações, igualmente intervém como uma cavidade, ruptura ou deslocamento”. Ainda, continua ele (idem), a memória se faz também de esquecimentos porque o interdiscurso “é o produtor do esquecimento dos enunciados. Memória e esquecimento não podem ser dissociados no modo de enunciação do discurso político”.
Referência(s)