
O outro no discurso: representação e circulação
2013; Volume: 15; Linguagem: Português
ISSN
2236-0883
Autores Tópico(s)Linguistics and Discourse Analysis
ResumoA nocao de dialogismo deu origem a um campo de pesquisa apenas vislumbradono final dos anos 1970, quando os estudos enunciativos, discursivos e textuaiscomecam a fazer um deslocamento do estudo das formas da lingua para asdo discurso ou do enunciado produzido no ja-dito, orientado para o outroe para os discursos por vir. Partindo do carater heterogeneo do enunciado,do enunciador e do enunciatario, tais estudos nao constituem apenas umamudanca de etiqueta. Trata-se de uma revolucao teorica, como mostratoda uma literatura consagrada ao discurso reportado, a intertextualidade, aheterogeneidade (mostrada e constitutiva), ao dialogismo (interdiscursivo einterlocutivo), a representacao do discurso outro (RDO), a polifonia. Apesarda nocao de dialogismo correr o risco de tornar-se uma formula vazia ou umdogma, ou de ser considerada como uma chave milagrosa que abre todas asportas (Francois, 2006), considero que o valor heuristico da nocao nao estaesgotado. Esse artigo examina as retomadas-modificacoes de uma reportagemem cartas de leitores. O foco sao os modos de presenca do discurso outronao marcadas, sem as quais nao haveria discurso atual, e que nao tem lugarnas descricoes dos esquemas sintaticos “classicos”. Nas cartas, os leitorescomentam os discursos que circulam nas midias, silenciando as fontes e oscontextos do que e reportado, evocado, mencionado, etc. O discurso outro eintroduzido por meio de nominalizacoes e torneios sintaticos que acentuamdiferentes aspectos do discurso fonte, dos discursos-respostas ao discurso fonte,numa cadeia ininterrupta durante um momento discursivo, criando formas depolemica velada e de dialogismo velado (Bakhtin, 1977). As analises mostram queo trabalho de interpretacao passa necessariamente pela reconstituicao dos fiosdialogicos intra e interdiscurso.
Referência(s)