
O impeachment de 2016 no contexto das crises presidenciais da América Latina [Entrevista com Aníbal Perez-Liñan]
2017; Brazilian Association of Political Communication Scholars; Volume: 6; Issue: 2 Linguagem: Português
10.21878/compolitica.2016.6.2.276
ISSN2236-4781
Autores Tópico(s)Politics and Society in Latin America
Resumo<p>Argentino radicado na Universidade de Pittsburgh, Estados Unidos, o cientista político Aníbal Perez-Liñan é um dos pesquisadores contemporâneos especializados nas crises presidenciais que resultaram em processos de impeachment e renúncias na América Latina dos anos 1990 a 2004. Os estudos em torno de temas como a democracia, instituições políticas e estado de direito, resultou nos livros “<em>Presidential Impeachment and the New Political Instability</em><em> </em><em>in <em>Latin America” (2007) e “Democracies and Dictatorships in Latin America: Emergence, Survival, and Fall</em></em>” (2013), este último em coautoria com Scott Mainwaring. Suas publicações geraram novos debates e estudos após os casos de Fernando Lugo em 2012 no Paraguai e de Dilma Roussef em 2016, no Brasil.</p><p>Publicado em 2007, o livro “<em>Presidential Impeachment and the New Political Instability</em><em> </em><em>in <em>Latin America” analisa seis casos nos quais o juízo político foi a principal arma para afastar presidentes impopulares e envolvidos em crises. O novo padrão de instabilidade, inserido em um contexto que provoca as crises e resulta em processos de impeachment é resultado de quatro fatores, segundo o autor: situação econômica desfavorável, escândalos midiáticos, falta de apoio parlamentar e mobilizações de rua contra o presidente. Os casos estudados que resultaram na obra envolveram o brasileiro Fernando Collor em 1992, Carlos Andrés Perez na Venezuela em 1993, na Colômbia com Ernesto Samper em 1993 (que conseguiu a absolvição no congresso), no </em></em>Equador contra Abdalá Bucaram em 1997 <em>e o </em>Paraguai em 1999 contra Raul Cubas Grau e em 2002 contra Gonzales Machi.</p><p>Na entrevista para a Revista Compolítica, Perez-Liñan apresenta seus argumentos que resultaram na pesquisa sobre os impeachments na América Latina nos anos 1990 e o novo padrão de instabilidade que surge com a redemocratização. O autor também posiciona pesquisas que nove anos após a publicação continuam suscitando debates após os casos de manobras parlamentares no Paraguai e no Brasil que resultaram em quedas de presidentes eleitos sem crimes de responsabilidades claros. Entre os conceitos recentes, está a capacidade do grupo governista em articular um escudo popular para sensibilizar o congresso contra a possibilidade de um impeachment; e a presença dos meios de comunicação com um papel estratégico para além da divulgação dos escândalos que envolvem o alto escalão presidencial.</p><p>Neste âmbito, a entrevista possibilita um aprofundamento nos estudos sobre as crises no sistema presidencial recente, e suas relações com as fontes de informação alternativas, o uso estratégico das redes sociais pelos atores políticos, o processo de seletividade das informações no jornalismo e os caminhos que a investigação em ciência política deve debater sobre a instituição do impeachment. <em></em></p>
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