A presença do cangaço em "Memorial de Maria Moura" e "Dôra, Doralina"
2006; Volume: 2; Issue: 2 Linguagem: Português
10.48075/rlhm.v2i2.1168
ISSN1983-1498
Autores Tópico(s)Urban and sociocultural dynamics
ResumoO proposito deste estudo e analisar como a tematica do cangaco se faz determinante no eixo narrativo da obra Memorial de Maria Moura, de Rachel de Queiroz, e como os vestigios de tal tematica estao presentes na obra Dora, Doralina, da mesma autora. O cangaco foi uma forma de banditismo social ocorrida no sertao nordestino brasileiro entre o final do seculo XIX e inicio do seculo XX, tendo em Lampiao o seu maior expoente. Ao se analisar a obra Memorial de Maria Moura, percebe-se que a protagonista Maria Moura ingressa no cangaco para poder sobreviver em um universo patriarcal e conservador. Os fatos tragicos que a envolvem se fazem determinantes para que ela transmigre da posicao de sinhazinha a de lider de um bando de jaguncos. Em Dora, Doralina, os vestigios do cangaco sao marcantes, principalmente, na personagem Delmiro, ex-jagunco e fugitivo da policia que, ao aparecer baleado e delirante na fazenda Soledade, passa a contar com o carinho e protecao de Dora – a narradora protagonista –, herdeira de Soledade. Ao se analisar comparativamente as duas obras, e possivel depreender que Maria Moura teve sua insercao criminal devido as injusticas sociais, marcantes no contexto feminino do Nordeste brasileiro do seculo XIX. Ja, Delmiro, ingressou no cangaco por falta de maiores perspectivas na sociedade semi-patriarcal sertaneja do inicio do seculo XX. Partindo da relacao entre literatura e sociedade, analisar-se-a como Raquel de Queiroz se vale de suas memorias para resgatar o cangaco, condicao social com a qual a escritora estivera em contato, principalmente por ter nascido e se criado na regiao na qual ela ficcionaliza os referidos romances.
Referência(s)