
Envolvimento de cães em acidentes com ouriço
2012; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL; Volume: 40; Linguagem: Português
ISSN
1679-9216
AutoresSilvana Bellini Vidor, Brunna de Souza Barni, Iasmine Biz Mottin, Émerson Antônio Contesini,
Tópico(s)Venomous Animal Envenomation and Studies
ResumoIntroducao: Acidentes com o ourico-cacheiro (Coendou villosus) ocorrem em areas rurais ou em locais onde ainda existe mata preservada no Rio Grande do Sul. Esses pequenos mamiferos descem dos galhos das arvores, no entardecer e a noite, a procura de alimento. Junto a sua pelagem, possuem espinhos corneos muito fortes e com escamas voltadas para sua base. Assim, quando penetram na pele do seu agressor, as escamas dos espinhos fi xam-se e sao puxadas para dentro pelo movimento muscular do agressor. Nos casos em que um cao tenha uma grande quantidade de espinhos ou que apresente espinhos proximos aos olhos, mucosas ou narinas, torna-se necessario o atendimento de urgencia. Recomenda-se, ainda, a anestesia e a analgesia apropriadas para a retirada dos espinhos, alem do uso de antinfl amatorios e antimicrobianos. A prevencao desses acidentes e simples, bastando restringir o acesso dos caes as areas com presenca de ouricos, nos horarios em que estes se alimentam. O objetivo deste estudo e fornecer dados sobre a casuistica de acidentes com ouricos envolvendo caes. Materiais, Metodos e Resultados: Foram pesquisados os registros de caes atingidos por espinhos de ourico atendidos no Hospital de Clinicas Veterinarias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (HCV-UFGRS). Para esse fi m, foram consultadas as fi chas arquivadas no Servico de Arquivo Medico do hospital, nos anos de 2008 a 2011. Dos 53.815 atendimentos desse periodo, 47 referiam-se a acidentes com ourico (0,09%). Houve uma grande diminuicao de casos, de 0,27% no ano de 2008 para 0,04% no ano de 2011. Os caes SRD foram os mais acometidos (26 caes, 55,32%), seguidos das racas: boxer (seis caes, 12,77%), rottweiler (quatro caes, 8,51%) e american staffordshire terrier (3 caes, 6,38%). Outras racas registradas foram: labrador, dogo argentino, cocker, dogue alemao, pastor belga malinois, dachshund. Os machos representaram 53,19% dos caes, sendo o restante de femeas. Quanto a idade, 27,66% apresentavam idade ate 2 anos; 40,43%, de 2,1 a 5 anos; 21,28%, de 5,1 a 10 anos e 2,12%, mais de 10 anos; sem informacao, 8,51%. Sobre o porte, 12,77% possuiam ate 10 kg; 34,04%, de 10,01 a 20 kg; 29,79%, de 20,01 a 30 kg; 23,40%, mais de 30 kg. Discussao: Os numeros de atendimentos a caes vitimas de acidentes com ourico representam uma casuistica pouco expressiva, o que poderia ser atribuido ao fato de os proprietarios buscarem atendimento veterinario apenas quando o animal e atingido por um grande numero de espinhos. Afora isso, a grande diminuicao de casos de 2008 para 2011 poderia ser explicada pela diminuicao de areas de mata preservada na regiao metropolitana de Porto Alegre. Esses casos ocorreram mais em caninos SRD, machos, muito provavelmente por se tratar do perfi l de caes atendidos pelo HCV-UFRGS. As racas mais acometidas pertencem aos grupos classifi cados como caes de caca, caes de guarda e caes de utilidade pela Associacao Cinologica Brasileira, assim nao seria possivel associar os acidentes a exacerbacao do instinto de caca desses animais. Contrariamente ao relatado em literatura, nao foram os caes mais jovens, e consequentemente mais curiosos, os mais atingidos pelos ouricos, mas sim caes com idade media, ja considerados maduros. A distribuicao da ocorrencia em relacao ao peso parece ser uniforme, porem com uma tendencia a ser maior nas faixas de maior peso. Apesar de curiosa, a casuistica desse tipo de acidente nao e muito abordada pela literatura veterinaria.
Referência(s)