Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Alonso e Quixote no paradigma da loucura: a história e a ficção

2017; UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA; Issue: 19 Linguagem: Português

10.5902/1679849x26588

ISSN

1679-849X

Autores

Elenyr Cavadas, Aline Coelho da Silva,

Tópico(s)

Cultural, Media, and Literary Studies

Resumo

Uma paródia às histórias cavalheirescas de sua época (séc. XVII), Don Quijote de La Mancha (1605/1615), de Cervantes, apresenta uma ruptura na representação dos livros de cavalaria. Por mais de quatro séculos, a grandiosa utopia quixotesca vem sendo analisada em suas diferentes peculiaridades. Toda essa riqueza literária possibilita, até hoje, diversas vias de análise e reflexão. Autor, obra, personagens e, principalmente, o tema “loucura” são pontos intrigantes às críticas e análises literárias, àsreleituras e intertextualidades. No decorrer dos séculos, a loucura foi conceituada dentre os mais distintos aspectos, entretanto, todos eles tiveram como ponto comum a exclusão social. Visando entender o contexto sob o qual se deu a criação de Cervantes, buscou-se retomar, através dos estudos de Foucault (1997), as diferentes formas com que a sociedade, entre os séculos XV e XVII, concebia e tratava a loucura.É em meio a esse contexto que Cervantes, no início do século XVII, escreve “Don Quixote de La Mancha”. O romance traz como tema central a loucura das utópicas aventuras de um Cavaleiro andante, herói que surgiu do imaginário literário do nobre fidalgo Alonso que, de pouco dormir e muito ler histórias de cavalaria, perdeu o juízo e personificou a Quixote. Nessa relação, os personagens se entrelaçam e se confundem. Precisar a fronteira entre Alonso e Quixote, ou até mesmo onde ambos se mesclam e interagem em cumplicidade, continua sendo uma tarefa com inúmeras possibilidades de reflexão. Com o intuito de traçar um paralelo entre ficção e realidade sobre a criação literária de Alonso e Quixote, buscou-se ainda investigar o trabalho de Huarte de San Juan, no qual Szirko (1996) afirma ser “notória a influência de Huarte na elaboração do perfil psicológico do fidalgo”. Embasada nessa contextura histórico-social, a presente pesquisa aborda as análises críticas literárias dos autores Auerbach (1946), Bloom (1994), Buxó (2008) e Unamuno (apud Harold Bloom, 1994), sobre as questões que envolvem tanto a loucura como a relação de coexistência entre esses personagens protagonistas.

Referência(s)