Helza Camêu (1903-1995) e Joanídia Sodré (1903-1975): a construção “feminina” de carreiras “masculinas” no universo musical erudito brasileiro
2014; UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA; Volume: 2; Issue: 2 Linguagem: Português
10.26512/cmd.v2i2.7501
ISSN2318-5422
AutoresDalila Vasconcellos de Carvalho,
Tópico(s)Brazilian cultural history and politics
ResumoNeste artigo pretendo mostrar como duas musicistas brasileiras: Helza Camêu (1903-1995) e Joanídia Sodré (1903-1975)[1] tornaram-se compositora e maestrina, respectivamente, nos anos 1930, no Rio de Janeiro. Quais configurações sociais viabilizaram o acesso dessas mulheres à composição e à regência, até então, duas atividades restritas aos homens? Embora tenham começado a carreira como pianista nos anos de 1920 no Rio de Janeiro, elas não prosseguiram como concertista, então um espaço de consagração feminina, basta mencionar as duas principais pianistas brasileiras Guiomar Novaes (1894-1979) e Magdalena Tagliaferro (1893-1986) que concomitantemente construíam uma carreira internacional[2]. Joanídia estreou como maestrina em 1930, sendo provavelmente a primeira mulher a realizar o feito de reger uma orquestra sinfônica no Teatro Municipal. Helza, por sua vez, estreou como compositora em 1934, tendo sido talvez uma das poucas, senão a única mulher a ser laureada (1936 e 1943) em concursos de composição da época. [1] Este artigo se apoia na dissertação de mestrado atualmente publicada em livro (Carvalho, 2012) cuja pesquisa foi realizada nos arquivos pessoais de Helza Camêu e Joanídia Sodré depositados no Rio de Janeiro, respectivamente, na Fundação Biblioteca Nacional, Divisão de Música e Arquivo Sonoro (DIMAS) e na Biblioteca Alberto Nepomuceno, da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Também foram coletados materiais no Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, na sessão de Periódicos da Fundação Biblioteca Nacional e na Academia Brasileira de Música. Outros materiais foram obtidos junto a Dona Julieta Machado e à professora Luciana Dutra. [2] Ainda hoje, Guiomar e Magda são consideradas entre os maiores intérpretes pianistas do século XX.
Referência(s)