Artigo Revisado por pares

O carácter histórico-social da violência: o exemplo da psicocirurgia

2006; University of Coimbra; Volume: 27; Linguagem: Português

10.14195/2183-8925_27_15

ISSN

2183-8925

Autores

Manuel Ferreira,

Tópico(s)

Neurology and Historical Studies

Resumo

Res_por:O consenso institucional e as grandes expectativas quanto a possibilidade de um desenvolvimento assombroso no conhecimento e controlo do cerebro e do comportamento humanos, permitiram a generalizacao das praticas psicocirurgicas em grande escala. Os excessos, as brutalidades e os abusos cometidos ao longo de anos, legitimados por avaliacoes enviesadas, parcimoniosas e voluntaristas, interpelam directamente cientistas e nao cientistas. No presente trabalho, sustentamos a hipotese de que a contencao e moderacao das praticas associadas a psicocirurgia se deveu a alteracoes historicas de relevo. A derrota das potencias do Eixo na II Grande Guerra, a recodificacao dos direitos e deveres de medicos, cientistas e pacientes, reestruturou a ordem das relacoes, e influenciou decisivamente a criacao de novos entendimentos no âmbito dos quais o deslizamento cultural deixou a descoberto, tornando-os insustentaveis, dispositivos e praticas violentas ate ai objecto de consensos varios. O protagonismo dos neurologistas Egas Moniz e Walter Freeman na fundacao e generalizacao da psicocirurgia foi paradigmatico e serve, no texto seguinte, para localizar, no espaco e no tempo, alguns dos desenvolvimentos mais significativos do processo.

Referência(s)
Altmetric
PlumX