Artigo Produção Nacional Revisado por pares

Craniectomia descompressiva para tratamento de traumatismo cranio-encefálico

2012; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL; Volume: 40; Linguagem: Português

ISSN

1679-9216

Autores

Josiane de Oliveira Marques, Diego Vilibaldo Backmann, Graciane Aiello, Rosmarini Passos dos Santos, Amanda Oliveira de Andrades, Alexandre Mazzantí, Verônica Metz Weber, Anieli Luize Polh, Matheus Macagnan,

Tópico(s)

Traumatic Brain Injury and Neurovascular Disturbances

Resumo

Introducao: O traumatismo crânio-encefalico (TCE) grave esta associado a uma taxa de mortalidade muito elevada e e cada vez mais comum na clinica de pequenos animais. O tratamento de TCE depende da localizacao e do grau da lesao, podendo ser classificado em clinico e cirurgico. Portanto, o objetivo deste relato e descrever um caso de TCE em uma cadela com aumento da pressao intracraniana (PIC) refrataria ao tratamento clinico. Caso: Foi atendida no Hospital Veterinario da Universidade Federal de Santa Maria uma cadela Maltez de um ano de idade, com historico de TCE ha aproximadamente oito horas, com relato de piora no quadro clinico nas primeiras seis horas, identificada por incapacidade de caminhar e nao reconhecimento dos proprietarios e do ambiente. Durante o exame neurologico foi observado que o animal apresentava delirios e incapacidade de ficar em estacao. Na escala de coma Glasgow modificada foi classificada como moderada. A terapia emergencial incluiu Manitol 20% (1,0 g/kg/IV administrado lentamente) associado a furosemida (2,0 mg/kg/IV) a cada seis horas, elevacao da cabeca 30° em relacao ao corpo e a manutencao da sedacao com propofol (2,0mg/kg/IV) em “bolus”. Apos a estabilizacao do paciente foi realizado exame radiografico de crânio e diagnosticado fratura bilateral dos ossos temporal e parietal. A cadela permaneceu sedada durante 24 horas apresentando piora do quadro neurologico, no qual se optou pela realizacao da craniectomia descompressiva. Para a realizacao do procedimento cirurgico, foi realizada incisao de pele e tecido subcutâneo na linha media dorsal e rebatida a musculatura frontal, revelando fratura entre os ossos frontal e parietal bilateral. Foi realizada a remocao de fragmentos osseos, sendo possivel a visualizacao de um coagulo logo ventral a linha de fratura. Ampliou-se a area de craniectomia em direcao caudal, realizando a resseccao do osso parietal bilateral a fim de inspecionar o parenquima encefalico. Durante este procedimento foi visualizado a presenca de um coagulo subdural ao lado direito, sendo removido por aspiracao cuidadosa. A paciente foi mantida sedada por 24 horas apos o procedimento cirurgico. Ao termino do periodo de sedacao, pode-se observar melhora do quadro clinico da paciente. A cadela recebeu alta hospitalar apos 72h da cirurgia, apresentando reposta consciente a estimulos sonoros, capacidade de locomocao seguida de queda e amaurose. Apos nove dias do procedimento cirurgico a paciente retornou e foi observado andar em circulos para o lado esquerdo com quedas e amaurose. Aos 30 dias pos-operatorio, apresentava melhora significativa com locomocao sem quedas, recuperacao funcional da visao, reconhecimento dos proprietarios e do ambiente domiciliar. Discussao: No presente relato o objetivo do tratamento clinico com manitol, furosemida, posicionamento com a cabeca elevada era manter a perfusao cerebral, a pressao arterial media, a oxigenacao cerebral e reduzir a PIC. No entanto, a paciente apresentou piora dos sinais neurologico apos 24 horas do inicio do tratamento clinico. O tratamento cirurgico e indicado quando ha fraturas abertas ou que comprimem o parenquima, hemorragia, hematomas subdurais, remocao de corpos estranhos e piora dos sinais neurologicos apesar da terapia medica adequada devido a PIC severa. Portanto, neste relato devido a baixa resposta ao uso de farmacos e a presenca de fragmentos osseos possivelmente comprimindo o parenquima encefalico, optou-se pela craniectomia descompressiva. Pode-se concluir que a tomada de decisao pelo tratamento cirurgico foi fundamental para a recuperacao deste paciente, visto que apresentava fraturas, coagulos e aumento da PIC refrataria ao tratamento clinico.

Referência(s)