Françoise: rasura e loucura, do conto de Luiz Vilela ao curta-metragem de Rafael Conde
2010; Volume: 6; Issue: 7 Linguagem: Português
10.48075/rlhm.v6i7.4487
ISSN1983-1498
AutoresRauer Ribeiro Rodrigues, Kelcilene Grácia-Rodrigues,
Tópico(s)Education and Digital Technologies
ResumoPremiado no I Concurso Nacional de Contos do Parana (1968), o conto Francoise, de Luiz Vilela (Tarde da noite, 1970), foi filmado por Rafael Conde (curta homonimo, 2001, 35 mm., 22 min., cor, com Debora Falabella, que pela atuacao recebeu diversos premios). A narrativa centra-se no dialogo entre narrador e personagem-titulo; ele espera o horario do onibus, na Rodoviaria, e ela, adolescente, vagueia, sem destino; no final, ela e caracterizada, por um tio que vem busca-la, como tendo “perturbacao psiquica”. O narrador nao se lembra de como o tio se despediu; lembra-se somente de que, sozinho, segurou “a corrente que margeava o passeio”, a mesma que Francoise segurava no inicio do conto. Na adaptacao, a narrativa vai alem, e segue a perambulacao de Francoise. Em Vilela, chamam a atencao sutis modificacoes que o autor fez no discurso do conto entre a primeira edicao e uma de 2009, alteracoes nao presentes em edicoes dos anos 1980 e 1990. Em Conde, o olhar algo introspectivo do narrador autodiegetico cede espaco para uma câmera algo onisciente; assim, a perspectiva ironica transmuta-se em certeza, e a loucura nao percebida torna-se diretriz filmica. No entanto, se a intertextualidade do curta, tendo o conto como deflagrador, firma meios expressivos que desvelam, parece haver caminho de mao-dupla, uma vez que o discurso de Vilela, na nova edicao de Francoise, evidencia como que um olhar que se reve como alteridade na adaptacao, e assim rasura o original, paradoxalmente fortificando-se em suas intencoes originais. E o que mostramos neste trabalho.
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