OS PRIMÓRDIOS DA OCUPAÇÃO DE MINAS GERAIS EM MAPAS
2015; UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA; Volume: 67; Issue: 4 Linguagem: Português
10.14393/rbcv67n4-49119
ISSN1808-0936
AutoresMaria Márcia Magela Machado, Friedrich Ewald Renger,
Tópico(s)History of Colonial Brazil
ResumoO trabalho apresenta os primórdios da evolução da ocupação do território mineiro por meio de mapas históricos doperíodo entre, aproximadamente, 1680 e 1780. Esta ocupação teve duas vertentes: uma mais antiga do norte para osul ao longo do Rio São Francisco, essencialmente agrária, e a outra, em sentido contrário, a partir de São Paulo,inicialmente para preação de índios, posteriormente para exploração de ouro. No mapa da América Meridional do italiano Coronelli, a Província de S. Cruz ou Brasile aparece dividida em 12 capitanias e é ocupada, em sua maior parte,pela bacia do Rio São Francisco e, entre os afl uentes, aparece o Rio das Velhas (Gaibuig) até a Serra de Sabarabuçu(Sarabassu). Com a descoberta das minas de ouro em Minas Gerais a partir dos anos 90 do séc. XVII surgiu a necessidade de mapas mais detalhados para fi ns administrativos. Entre estes se destaca a obra do Pe. Jacobo Cocleo, quecobre o Brasil oriental atual, com destaque para o Rio São Francisco. Estão assinaladas muitas das lendárias serras,alvos da exploração mineral, as recém descobertas minas e os principais caminhos que levavam até elas. Nas duasmargens do Rio São Francisco, da barra do Rio das Velhas à jusante, estão indicadas inúmeras fazendas, registro doprocesso de ocupação agrária. No início do século XVIII, com a corrida ao ouro, também são envolvidos engenheirosmilitares nos levantamentos cartográfi cos. O Mapa das Minas de Ouro e São Paulo e costa do mar que lhe pretencerepresenta não só o território da capitania de São Paulo e Minas de Ouro, mas todo litoral e interior do Brasil entre osul da Bahia e Santa Catarina, registrando os primeiros núcleos urbanos mineiros. Até esta época, os cartógrafos tinhamse baseado, essencialmente, em roteiros de sertanistas e bandeirantes, às vezes acrescentando observações próprias.Os “Padres Matemáticos” Diogo Soares e Domingos Capassi procederam a uma profunda renovação da cartografi a noBrasil, baseando seus mapas em observações astronômicas de latitudes e longitudes, lançando assim, os alicerces parauma cartografi a científi ca. O principal trabalho destes cartógrafos em Minas Gerais consiste em um conjunto de quatromapas que cobrem o território das Minas desde a Zona da Mata, no sul, até as Minas Novas e o Rio Jequitinhonha, nonorte, entre 16º 30’S e 21º 30’S. Foram cartografados, praticamente, todos os arraiais e vilas da região, registrando amaior concentração no entorno de Vila Rica. O declínio da produção de ouro e diamantes revitalizou a importância dacartografi a em Minas Gerais. Destacam-se os mapas de José Joaquim da Rocha e a cartografi a da Demarcação Diamantina. Observa-se nos velhos mapas a transformação do espaço incógnito para uma entidade política e sua ocupaçãocondicionada à ocorrência de ouro e diamantes.
Referência(s)