
O enigma do Clube da Esquina:vozes de uma outra África na pedagogia do congado.
2017; Volume: 13; Issue: 1 Linguagem: Português
10.5335/rdes.v13i1.6770
ISSN2236-5400
AutoresPedro Henrique Varoni de Carvalho,
Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
ResumoO artigo procura analisar por um ponto de vista discursivo o descompasso entre a inventividade das canções do Clube da Esquina e o reconhecimento midiático em grau de equilíbrio com outros movimentos marcantes na história da música popular brasileira, como a Bossa-Nova e o tropicalismo. A importância político-poética da canção popular como espaço de resistência criou no Brasil uma relação simbiótica entre a voz que fala e a voz que canta, conforme demonstra Luís Tatit. Milton e os demais artistas do Clube da Esquina, filiados ao discurso que associa o mineiro à introspecção e discrição, não articularam essa relação nos canais midiáticos, quando o fazem – no final da ditadura- embalam a associação de suas canções com o discurso político de Tancredo Neves. Esse movimento revela contradições entre o espaço de resistência a partir de uma herança cultural negra que vem dos ternos de congo e das festas de rua de Minas Gerais, base interdiscursiva das canções do Clube da Esquina, com o discurso da mineiridade como estratégia histórica de dominação econômica e política. Procuramos discutir as relações entre os dispositivos midiáticos e os jogos de poder em torno da canção brasileira com base na genealogia de Foucault e ao fazê-lo entender as manifestações da cultura popular rural e sua influência na canção urbana como espaços de resistência criativa.
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