
Por uma abordagem ecológica dos efeitos anti-depressivos da ayahuasca
2017; Issue: 20 Linguagem: Português
10.4000/pontourbe.3443
ISSN1981-3341
AutoresDanielli Katherine Pascoal da Silva,
Tópico(s)Cannabis and Cannabinoid Research
ResumoA partir de pesquisa de campo em preparos de Vegetal na UDV,notei que os efeitos da Hoasca não são atribuídos exclusivamente à Dimetiltriptamina (DMT) presente na Psychotria Viridis e nas betacarbolinas do Banisteriopsis Caapi, mas à mútua aprendizagem entre inteligências humana e Vegetal. Esta concepção assemelha-se com outras indígenas, nas quais a ayahuasca é vista como um Ser cuja ação terapêutica depende de relações entre seres humanos e destes com outros seres. Os recentes estudos em neurociências, por sua vez, apontam a ayahuasca como um promissor antidepressivo da nova geração de tratamentos farmacológicos. A depressão é caracterizada principalmente como um desequilíbrio nas monoaminas cerebrais e os efeitos antidepressivos são avaliados com base nas alterações provocadas pela interação entre a DMT/Betacarbolinas e três neurotransmissores: a serotonina, a norepirefrina e a dopamina. Pretendo traçar diferenças entre tais concepções sobre a ayahuasca, substância e saúde, refletindo com Ingold e Matthew Ratcliffe, no intuito de esboçar uma abordagem ecológica dos efeitos anti-depressivos experimentados com a ayahuasca. No caso da ayahuasca enquanto antidepressivo levanto as seguintes questões: quais os limites desta caracterização bioquímica da ayahuasca e da depressão? Quais as possíveis consequências da dissociação dos efeitos da ayahuasca de seus contextos espirituais/terapêuticos? Em que medida esta dissociação abrevia processos reflexivos de aprendizagem entre humanos e plantas ao privilegiar a interação entre substâncias como causa dos benefícios terapêuticos?
Referência(s)