Metaficção e polifonia: recursos narrativos presentes em "Cristóbal Nonato" (1987), de Carlos Fuentes

2008; Volume: 4; Issue: 4 Linguagem: Português

10.48075/rlhm.v4i4.1204

ISSN

1983-1498

Autores

Patrícia Virginia Cuevas Estivil, Gilmei Francisco Fleck,

Tópico(s)

Literature, Culture, and Aesthetics

Resumo

Neste artigo, pretende-se fazer um estudo da obra de Carlos Fuentes, Cristobal Nonato (1987), considerado um novo romance historico de caracteristicas metaficcionais. O estudo se fixara nos tracos polifonicos, dialogicos e metaficcionais dessa nova narrativa. Fernando Ainsa (1988-1991), Linda Hutcheon (1991) e Seymour Menton (1993) definem a metaficcao como “ficcao sobre ficcao” ou como os comentarios do narrador sobre o processo de criacao da obra. Este aspecto identifica a autoconsciencia deste genero narrativo, traco que se inaugura no primeiro romance moderno do seculo XVII, Don Quijote de la Mancha (1605). No romance de Fuentes, toma-se como ponto de referencias para esta analise a historia do Mexico que vem dos subsolos da mente de dois personagens: jovens que sao estimulados por um concurso destinado a manter as mentes alienadas das massas trabalhadoras a ter um filho que deveria nascer no dia da comemoracao do Quinto Centenario do descobrimento de America. O autor da voz ao recem-engendrado que, desde o ventre da sua mae, relata como os reflexos do passado pre-hispânico afetam a historia do povo mexicano humilhado e agonizante, esmagado por uma nova ordem social produto da violenta conquista europeia. Esta havia deixado suas marcas profundas na cultura latino-americana, mas nao havia conseguido apagar as vozes daqueles que, com seu esforco, um dia construiram seus lares, jardins flutuantes, seus templos e divindades. Estas vozes trazem consigo, ainda, os recursos narrativos contemporâneos de uma nova era que faz da America Latina uma terra de grandezas singulares.

Referência(s)