Artigo Produção Nacional Revisado por pares

Glaucoma facogênico em um cão

2012; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL; Volume: 40; Linguagem: Português

ISSN

1679-9216

Autores

Pedro Rafael Apulcro Corrêa Marchan, Érika Fernanda Villamayor Garcia, Fabíola Dalmolin, Ney Luís Pippi,

Tópico(s)

Ophthalmology and Eye Disorders

Resumo

Introducao: Glaucoma e o termo dado ao grupo de doencas nas quais a pressao intraocular (PIO), ultrapassa o limite fisiologico, que nos caes e 25 mmHg, com potencial de causar uma neuropatia optica e morte das celulas ganglionares da retina levando a cegueira irreversivel. O glaucoma pode ser primario, secundario ou congenito e de ângulo aberto ou fechado. O humor aquoso faz a manutencao da PIO, isso depende do balanco entre a producao, que e realizada pelo corpo ciliar e sua drenagem principal que e realizada pelo ângulo iridocorneano. Os principais sintomas do glaucoma sao dor ocular, edema de cornea, congestao episcleral, midriase, vascularizacao corneal, cegueira, buftalmia, escavacao do disco optico levando a atrofia progressiva da retina e ulcera corneal. O diagnostico conciso e definitivo e dado apos tonometria, sendo a de aplanacao o metodo de escolha e padrao ouro. O tratamento e realizado com farmacos topicos e sistemicos e as vezes associado a cirurgias, ambos para diminuir a producao e para auxiliar a drenagem. Os farmacos mais utilizados na emergencia sao diuretico osmotico, juntamente com inibidores da anidrase carbonica ou prostaglandinas topicas, associado a parassimpatomimetico e a um bloqueador beta-adrenergico. Objetiva-se relatar um caso de glaucoma facogenico emergencial em um cao. Caso: Foi atendido um cao, Poodle, macho, 10 anos. O proprietario relatou que o animal portava catarata bilateral ha dois anos e nao era visual. Uma semana antes do atendimento, o proprietario notou que o olho esquerdo (OE) havia ficado vermelho e que o cao apresentava desconforto ocular e, no dia anterior a consulta o OE havia ficado maior. No exame oftalmico constatou-se que o paciente era portador de catarata bilateral madura e discreta blefarite, ambos os olhos estavam em midriase e buftalmo leve, o OE era tyndal positivo e a lente estava luxada para a câmara anterior, havia congestao episcleral, neovascularizacao corneal, e tecido de cicatrizacao corneal, provavelmente apos uma ulcera de cornea. A PIO do OE era 65 mmHg e a do olho direito (OD) 40 mmHg. O paciente recebeu pela via intra-venosa 2 mg/kg de manitol BID e pela via ocular recebeu maleato de timolol a 0,25%, dorzolamina a 2% e pilocarpina a 1% TID. A terapia emergencial perdurou por 48h, onde a PIO do OE era 41 mmHg e a do OD encontrava-se em 26 mmHg. O animal teve alta com 48 horas e continuou a receber os mesmos farmacos topicos nas mesmas frequencias e adicionado prednisona ocular BID. No setimo dia apos a alta medica, a PIO do OE estava em 39 mmHg e a do OD em 21 mmHg. O proprietario optou pela enucleacao do OE. Discussao: Tratando-se de um portador de catarata madura, com flare do humor aquoso no olho esquerdo e sinais oculares de uveite, sugere-se que nesse caso o glaucoma seja secundario a uveite lente induzida e a catarata, que gradativamente vai fi cando pesada e intumescida, modifi cando as estruturas intraoculares onde acabam por romper os ligamentos zonulares, luxando e causando um grande desarranjo intraocular. O glaucoma ocorre em 73% dos caes com luxacao anterior da lente. A fibrina produzida pela uveite obstrui o ângulo de drenagem, gerando o glaucoma. Essa forma de glaucoma e considerada maligna, mesmo sendo instituido o tratamento emergencial e de manutencao, nao se obtem uma boa resposta, nesses casos a enucleacao e indicada. Sabe-se que apos 72 horas com a PIO acima de 40 mmHg as celulas ganglionares sofrem apoptose, levando a cegueira, por esse motivo foi indicado a enucleacao. O glaucoma e considerado uma emergencia oftalmica, nesse caso o OD foi responsivo e o OE nao respondeu satisfatoriamente ao tratamento emergencial.

Referência(s)