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FEBRE MACULOSA NO BRASIL: SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA ATUAL E A DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE CARRAPATOS EM CENÁRIOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

2017; Secretary of Health of the State of Bahia; Volume: 41; Issue: 1 Linguagem: Português

10.22278/2318-2660.2017.v41.n1.a2599

ISSN

2318-2660

Autores

Stefan Vilges de Oliveira, Gilberto Salles Gazêta, Rodrigo Gurgel Gonçalves,

Tópico(s)

Parasite Biology and Host Interactions

Resumo

No Brasil, os quadros clínicos da febre maculosa podem ser resultantes da infecção por duas espécies de riquétsias. Rickettsia rickettsii é registrada na região Sul e Sudeste e está relacionada a casos graves da doença. Rickettsia sp. cepa Mata Atlântica foi identificada no Sul, Sudeste e Nordeste, causando febre maculosa mais branda. Febre maculosa é doença de notificação compulsória ao Ministério da Saúde que promove ações de vigilância epidemiológica e assistência médica com o objetivo de reduzir a morbimortalidade. No entanto, a doença ainda é pouco conhecida. Sabe-se que os carrapatos do gênero Amblyomma atuam como vetores, podendo parasitar hospedeiros silvestres, domésticos e eventualmente o homem. O conhecimento da distribuição geográfica potencial desses vetores torna-se importante nas ações de vigilância epidemiológica. Dessa forma, o presente estudo tem os seguintes objetivos: 1) atualizar o perfil epidemiológico da febre maculosa no Brasil; 2) avaliar preditores de evolução fatal por febre maculosa; 3) analisar a distribuição geográfica potencial de carrapatos do Complexo Amblyomma cajennese em cenário atual e futuro sob influência das mudanças climáticas. Na primeira abordagem, verificamos o crescente número de registros da doença nos últimos anos e observamos a expansão espacial da febre maculosa no país com uma ascendente taxa de letalidade. Por meio desses registros, um estudo do tipo caso-controle avaliou fatores preditores de evolução fatal por febre maculosa. Neste, verificou-se que residir em área urbana, relatar a presença de carrapato e apresentar quadro clínico com presença de linfadenopatia são fatores protetores. Enquanto os sinais de gravidade como hipotensão, choque, estupor, coma e convulsão estão associados as maiores chances de morte. Quando analisamos a distribuição geográfica potencial de carrapatos do Complexo Amblyoma cajenennese utilizando a modelagem de nicho ecológico, verificamos que áreas do Cerrado, Amazônia, Pantanal e Mata Atlântica apresentam ampla adequabilidade para manutenção dessas espécies. No entanto, em cenários de mudanças climáticas, verificamos uma tendência de redução dessas áreas (nos anos de 2050 e 2070). Nossos dados indicam que a presença do vetor pode ser restringida (e consequentemente a doença), se considerarmos a não adaptação dos carrapatos aos novos climas. Os métodos empregados neste estudo buscam, de forma complementar, o entendimento epidemiológico da febre maculosa e poderão ser utilizados para predição, prevenção e, consequentemente, para redução da morbimortalidade desta importante doença no Brasil. Palavras-chave: Epidemiologia. Riquetsiose. Doença transmitida por carrapato. Modelagem de nicho ecológico. Amblyomma.

Referência(s)