Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

O ESTRANHO COMO CATEGORIA POLÍTICA: PSICANÁLISE, TEORIA QUEER E AS EXPERIÊNCIAS DE INDETERMINAÇÃO

2017; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ; Volume: 22; Issue: 3 Linguagem: Português

10.4025/psicolestud.v22i3.37026

ISSN

1807-0329

Autores

Vinícius Moreira Lima, Ângela Maria Resende Vorcaro,

Tópico(s)

Psychoanalysis, Philosophy, and Politics

Resumo

Judith Butler se apropria de vários conceitos da psicanálise, mas não explora o estranho (Unheimliche) freudiano. Trata-se, aqui, de investigar a função política desse conceito, considerando que a norma o converte em abjeção, como em casos de homofobia e transfobia. No encontro entre um sujeito cujo semblante sexuado é estruturado dentro da hegemonia heterossexual e um sujeito com semblante abjeto, o primeiro espera ver i(a), um outro-espelho de sua imagem narcísica, mas se defronta com a, o estranho abismo do desejo do Outro. Com Lacan, esse Unheimliche é produtor de angústia no eu do sujeito, o que faz vacilar suas identificações em uma experiência de indeterminação. Porém, nossas formas de vida sustentam ficções identitárias demasiado rígidas, que convertem essa angústia do indeterminado em medo e violência. Em certos casos de homofobia e transfobia, um sujeito com semblante normalizado vivencia de maneira improdutiva a ameaça de dissolução do seu eu frente a um estranho que é tido como abjeto, inumano, monstruoso. Torna-se crucial pensar formas de vida em que experiências de indeterminação possam ser vividas de maneira produtiva, em que identificações sejam mais porosas em relação àquilo que não se reduz à forma determinada de um eu.

Referência(s)