
DINÂMICA DE RAMPA DE COLÚVIO NA SUPERFÍCIE DE PALMAS/ÁGUA DOCE DURANTE O QUATERNÁRIO TARDIO – BASES PARA COMPREENDER A EVOLUÇÃO DAS ENCOSTAS NO PLANALTO DAS ARAUCÁRIAS
2017; União da Geomorfologia Brasileira; Volume: 18; Issue: 4 Linguagem: Português
10.20502/rbg.v18i4.1247
ISSN2236-5664
AutoresJulio César Paisani, Sani Daniela Lopes Paisani, Margarita Osterrieth, Marga Eliz Pontelli, Rafaela Harumi Fujita,
Tópico(s)Geological formations and processes
ResumoO termo rampa de colúvio consiste em unidade de relevo suavemente inclinada em direção ao fundo dos vales mantida por colúvios, por vezes recobrindo terraços aluviais e reentrâncias (hollows) ou depressões em anfiteatro. O presente trabalho visou determinar a dinâmica de rampa de colúvio da superfície de Palmas/Água Doce, ao longo do Quaternário Tardio, bem como tecer considerações a respeito do ambiente de encostas em superfícies de cimeira do Planalto das Araucárias, sul do Brasil. Aplicou-se a análise pedoestratigráfica em duas seções representativas dos materiais da rampa de colúvio, bem como a geocronologia (métodos 14C e LOE), análise isotópica do carbono e fitolítica. A rampa de colúvio relevou registro pedoestratigráfico caracterizado por camadas delgadas de colúvios (horizontes Cb), por vezes pedogenizadas (horizontes Ab, ACb, CAb, Bb e BCb), com importantes lacunas e truncamentos de níveis pedológicos superficiais (paleohorizontes A). Vales de drenagem de baixa ordem vizinhos às encostas sofreram colmatação durante sucessivas fases de sedimentação. A morfogênese foi contínua no setor analisado do Último Interglacial (Estágio Isotópico Marinho 3 – EIM 3) ao Holoceno (EIM 1). Os sinais isotópicos e fitolíticos sugerem que a estabilidade ambiental favorecendo a pedogênese no Último Interestadial (EIM 3) foi em detrimento de regime climático úmido e relativamente frio. Já a morfogênese registrada no Último Máximo Glacial (EIM 2) decorreu de regime climático relativamente frio e seco, pontuada por fase de flutuação para mais úmido. Enfim, para o Holoceno (EIM 1) o clima mostrou-se no geral mais quente e seco. Do ponto de vista regional, os resultados indicam que: a) as rampas de colúvio são unidades geomórficas de trânsito de sedimentos entre colinas e fundo de vale de baixa ordem nas superfícies de cimeira do Planalto das Araucárias; b) seus registros estratigráficos são delgados em face a recorrentes lacunas (descontinuidades); c) a intensa dinâmica erosiva nas rampas inibe o acúmulo de sedimentos, por outro lado possibilita a colmatação de fundos de vales de baixa ordem vizinhos, até completa homogeneização topográfica lateral; d) nesses fundos de vales estão os principais registros estratigráficos que documentam fases de pedogênese e morfogênese tanto no ambiente de encosta quanto no ambiente fluvial de baixa ordem vinculado a rampa; e) paleohorizontes A húmicos enterrados (Ab), vinculados a fase de pedogênese do Último Máximo Glacial, podem estar preservados em ambos os ambientes.
Referência(s)