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A CRIAÇÃO DE SI ENTRE A PARRÊSÍA E A HIPOCRISIA: ETOPOIÊTICA DO CUIDADO DE SI

2017; UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Volume: 58; Issue: 137 Linguagem: Português

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ISSN

1981-5336

Autores

Gustavo Bezerra do Nascimento Costa,

Tópico(s)

Psychology and Mental Health

Resumo

RESUMO Esboça-se neste artigo uma possível via de interpretação ao problema ético-estético, ou ainda ético-poiêtico da criação de si, a partir de uma reavaliação da noção de hipocrisia, enquanto arte do engano e arte do ator, reaproximando-a da hypókrisis [ὑπόκρισις] grega. Para tanto, procura-se estabelecer um diálogo, ou mesmo um contraponto, com aqueles pensadores que, nas preleções de Foucault, conformaram na antiguidade clássica e helenística os elementos para se pensar, por meio do discurso parrêsiástico e da prática da áskêsis, a criação de si enquanto estética da existência. O lastro para essa compreensão vem de uma reavaliação das formas de inteligência estocástica e astuciosa que comandam a lida com a inconstância, a multiplicidade e os acasos - formas às quais os gregos atribuíram o nome da deusa Mêtis [Μήτις]. Mais afeitas a estas inconstâncias, práticas tais como: a simulação, a dissimulação e a ênfase - próprias da arte do engano - ganham sob essa ótica uma feição de virtuosidade que o pensamento filosófico hegemônico, afeito à retidão e ao enfrentamento heroico diante do real, dificilmente se disporia a reconhecer.

Referência(s)