A CARTOGRAFIA TÁTIL NO ESTUDO DO LUGAR: FEIRA DE SANTANA
2017; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA; Issue: 21 Linguagem: Português
10.13102/semic.v0i21.2196
ISSN2595-0339
Autores Tópico(s)Urban and sociocultural dynamics
ResumoNo mundo globalizado, as informações chegam simultaneamente a diversos lugares do planeta, sobretudo através do desenvolvimento de novas tecnologias da informação e comunicação. Assim, compreender as inter-relações pessoais marcadas pela mundialização das informações, gostos, cultura, música, estilos de vida, entre outros, torna-se a cada dia mais complexo. E essa mundialização tem impactado diretamente as relações interpessoais em muitos lugares, visto que esse fenômeno tem contribuído para a homogeneização dos costumes e, consequentemente, causando estranheza das pessoas, devido a modificações em práticas cotidianas históricas.Com a inserção de novas referências sociais, as relações cotidianas estabelecidas no lugar tornam-se mais frágeis, fazendo com que muitas pessoas tenham dificuldades de distinguir sua identidade de outras e reconhecer-se no seu lugar de vivência.Entender as relações sociais num mundo altamente globalizado e competitivo é um desafio. Nesse ponto a escola é fundamental, pois é através de seu papel social de educar visando uma educação emancipatória, libertadora e a formação de um sujeito crítico e reflexivo, que lhe permitirá problematizar, analisar e entender a dinâmica enfrentada por diversos lugares. Além disso, cabe à escola a função de debater com os educandos que entender o lugar significa analisar o processo pelo qual passam através de uma visão sistêmica, já que há uma relação dialética entre questões políticas, econômicas e significações sociais ali materializadas, tendo em vista que essas relações globais estão em constante transformação.A escola, portanto, deve intensificar sua prática no lugar para entender as variáveis internas e externas, buscando entender a realidade dos sujeitos com os quais lida. É importante que a instituição conheça a cultura e, além disso, participe do processo de mediação dessas informações exógenas e endógenas, pois conforme Chaveiro (2008), fechar-se no lugar pode significar apenas servir a um autoritarismo da tradição; e o extremo, abrir-se ao “fora” e às suas representações, pode ser o vínculo, apenas, ao que aliena e usa o lugar.O conhecimento do lugar possibilitará aos educandos entender a realidade global e relacioná-la com a local e, também, discutir essas transformações no sentido de reconstruir e/ou reafirmar as referências e a identidade do lugar.No campo educacional, a geografia é uma aliada importante na reafirmação da identidade, principalmente quando pautada na construção de saberes ligados à realidade socioespacial dos educandos e quando comprometida com o processo de construção do raciocínio geográfico, como salienta Cavalcanti (1998).Em Feira de Santana, cidade em análise, é grande a escassez de referências teóricas e materiais didáticos para se trabalhar o estudo do lugar. Isso impacta diretamente na prática docente, fator que leva ao desconhecimento da história do lugar1 - Bolsista FAPESB- Graduada em Geografia, Universidade Estadual de Feira de Santana-BA.2 -Graduada em Geografia, Universidade Estadual de Feira de Santana-BA.3- Orientadora, Departamento de Educação, Universidade Estadual de Feira de Santana-BA.pelo alunado. Se for notória a pouca disponibilidade de material didático, a questãoacentua-se ainda mais quando nos referimos a materiais para o estudo do lugardirecionados aos alunos com deficiência, pelo fato desse público ser historicamenteexcluído do convívio social e educacional.Diante desta realidade, é necessário construir e sistematizar esse conhecimentovisando à escolarização dos alunos com deficiência, porque em tempos de inclusão, éinadmissível um currículo estático e tradicional que desconsidera as especificidades e aspotencialidades de todos os sujeitos. Nesse sentido, a Tecnologia Assistiva (TA), é umimportante instrumento para escolarização dos sujeitos, sendo a TA:Uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que englobaprodutos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços queobjetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade eparticipação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidadereduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida einclusão social. (CAT, 2007c, apud, GALVÃO FILHO, 2009, grifo nosso).Trabalhar a cartografia é um desafio para professores e alunos, sobretudo quandonos referimos a estudantes com deficiência visual, pois pela falta do sentido visual,acaba sendo retirado o seu direito de aprendê-la.A Cartografia Tátil é um recurso de tecnologia assistiva muito relevante namediação pedagógica de alunos com Deficiência Visual (DV). Os recursos táteis têm avantagem de serem produzidos com baixo custo financeiro e visam proporcionar aoaluno com deficiência visual mais autonomia, mobilidade e aprendizagem doconhecimento geográfico, aspecto muito importante no mundo globalizado, que exigedos sujeitos, cada vez mais, o entendimento da dinâmica que o cerca. Por isso deve serestudada, divulgada e incentivada.A Cartografia Tátil é:[...] um ramo específico da cartografia, que se ocupa daconfecção de mapas e outros produtos cartográficos, para seremusados por pessoas cegas ou com baixa visão. Eles podem terobjetivos educativos e/ou serem facilitadores da orientação emobilidade dessas pessoas nos espaços de vivência. (RIBEIRO,2012, p.96, grifo nosso).Assim, esse trabalho teve como objetivo estudar o lugar (Feira de Santana), bemcomo elaborar metodologias e materiais didáticos táteis .O trabalho se justifica pelacarência de referenciais teóricos e materiais nessa área, além de valorizar asexperiências e anseios dos pesquisados, tornando os recursos confeccionados maiseficientes, pois serão testados e imediatamente analisados pelos seus usuários diretos,permitindo aperfeiçoá-los de modo a torná-los operacionais, de acordo com assingularidades dos sujeitos. Também proporcionará ao professor desenvolver um olharreflexivo de sua prática no sentido de transformá-la e melhorá-la (PIMENTA eGHEDIN, 2006).
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