
Imbricação entre “popular” e modernidade: um projeto biográfico-musical de Claudio Santoro no período entre 1947 e 1957
2017; Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música; Volume: 23; Issue: 3 Linguagem: Português
10.20504/opus2017c2307
ISSN1517-7017
AutoresCesar Maia Buscacio, Virgínia Albuquerque de Castro Buarque,
Tópico(s)History, Culture, and Society
ResumoA produção musical de Claudio Santoro entre 1947 e 1957, período em que empreendeu quatro viagens ao Leste Europeu e a países então integrantes da União Soviética, é geralmente vinculada pela musicologia à temática nacionalista-popular, em afinidade com a vertente preponderante no lado oriental da Cortina de Ferro, conhecida como “realismo socialista”. Não obstante, propomos uma reflexão, neste artigo, de como a escrita epistolar e autobiográfica de Santoro, de forma articulada a algumas de suas peças musicais, sem desconsiderar esse vínculo estético-ideológico, promovia uma tripla imbricação: a reiteração de elementos de cunho neoclássico; a inserção de expressões musicais associadas a grupos subalternizados no Brasil (batuques, frevos etc.), em remissão à ótica do exótico e/ou folclórico; a concomitância de sonoridades do cotidiano urbano e industrial em suas trilhas sonoras para produções cinematográficas. Dessa forma, considera-se que Claudio Santoro se apresenta como um compositor de importante singularidade, pois, por meio dele, mostra-se possível interpretar as possibilidades combinatórias da música, por vezes bastante inusitadas e performativas em sua relação com a cultura, a história e os percursos biográficos. Para proceder tal análise, neste artigo recorremos às cartas enviadas por Claudio Santoro à musicista Nadia Boulanger e ao compositor Louis Saguer, arquivadas na Biblioteca Nacional da França, juntamente com extratos de sua inédita autobiografia gravada nos anos 1980 e de entrevista por ele concedida na década de 1970, estando estes dois últimos registros sob a guarda da família de Santoro.
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