
Dossiê educação e tecnologias no ensino e aprendizagem: reflexões e possibilidades
2018; Volume: 9; Issue: 18 Linguagem: Português
10.18316/rcd.v9i18.4353
ISSN2237-8049
AutoresJosé Luís Bizelli, José Anderson Santos Cruz, Thaís Vargas Bizelli,
Tópico(s)Information Science and Libraries
ResumoEducation and technologies in teaching and learning dossier: reflections and possibilities Dizer que o mundo atual esta mediado por um conjunto de inovacoes tecnologicas que reconstroem formas com as quais nos relacionamos com o universo concreto humano e das coisas parece saturado de conteudo explicativo, redundante mesmo, hiperbole, exagero. Pela tecnologia percebemos o ambiente em que vivemos e criticamos a percepcao dos outros, criamos e destruimos signos, interpretacoes e culturas; encontramo-nos escondidos por artificios digitais que ja nao nos sao estranhos, posto que se incorporaram ao que somos; vivemos, enfim, atraves da falsa sensacao de exercitarmos a nossa liberdade na virtualidade digital. Pode parecer que o germe tecnologico por contagio nos permita a esperanca de redesenhar a vida construida historicamente – o sonho, por exemplo, de aprendizagem imediata atraves de uma conexao entre cerebro e rede de informacao, como em Matrix. O fim da escola, o fim do esforco para aprender, da labuta para ensinar, e a literacia sobre todas as linguagens: as letras, as linguas, as ciencias, os codigos dos computadores, as artes, as almas. O mundo tecnologico nos desafia. Primeiro porque construcao humana: Humani nihil a me alienum . Segundo porque frente ao Leviata, nossa reacao e de controle: navegar e preciso, viver nao e preciso . E a dupla precisao que se voltam os trabalhos deste Dossie que agora entregamos aos leitores: aquilo que precisamos enquanto educadores na era digital; aquilo que exige a precisao da analise, da reflexao, da critica e da criacao rumo a liberdade possivel. Ter acesso a tecnologia nao significa apropriar-se dela. A apropriacao e diretamente proporcional a literacia do usuario, a qual depende especialmente da familiaridade do educador com os meios tecnologicos. Dois diagnosticos antagonicos. Por um lado, se tomarmos pelo olhar dos videos educacionais, Arielly Kizzy Cunha, Jose Anderson Santos Cruz e Jose Luis Bizelli mapeiam os limites impostos pela relacao profissional que se estabelece entre educadores e comunicadores. Por outro lado, Samanta Bueno de Camargo Campana, Eduardo Martins Morgado, Wilson Masasshiro Yonezawa e Edriano Carlos Campana demonstram a possibilidade pedagogica da transposicao de jogos de tabuleiros para o formato digital, auxiliando no ensino de Matematica e criando uma produtiva relacao entre educadores e desenvolvedores. Ja o artigo de Fernando Silva, Sebastiao de Souza Lemes e Thais Conte Vargas indica que mesmo quando se trata do acesso, a realidade brasileira deixa a desejar. Ha barreiras estruturais tanto nos laboratorios como nas salas de aula; ha barreiras atitudinais: falta de confianca entre atores; resistencia a mudanca, diante da tecnica rotineira; falta de percepcao de ganho sobre a inovacao tecnologica; sobrecarga na jornada de trabalho; entre outros. Mesmo diante de desafios nas condicoes materiais de construcao de um lugar para o exercicio pedagogico, a Escola resiste, embora seu espaco geografico possa transportar-se para a virtualidade. E o que demonstra o texto de Anaisa Alves de Moura, Evaneide Dourado Martins e Anaclea de Araujo Bernardo, ao apresentarem a experiencia do Instituto Superior de Teologia Aplicada – Faculdades INTA, particularmente no que concerne a producao de material didatico com qualidade para cursos de graduacao a distância. Um espaco importante deste Dossie esta voltado a analise de experiencias concretas de interacao entre alunos, professores e meios tecnologicos em diferentes niveis educacionais. Assim, o esforco dos autores nao pretende esgotar temas tao importantes, mas contribuir com outros estudos que vem sendo desenvolvidos sobre a percepcao que a Academia tem sobre o uso da tecnologia. Claudia Prioste analisa os possiveis impactos no processo de alfabetizacao atraves do uso dos dispositivos televisuais. A rotina de zapear ja invadiu o campo pedagogico, cabendo a Escola orientar pais e criancas para melhor uso de dispositivos televisuais, ou seja, para acoes de alfabetizacao que estimulem atencao, memoria e persistencia. Ja o trabalho de Leandro Firmeza Felicio e Suelen Santos de Morais voltou-se a medir a influencia do uso de tecnologias em aspectos psicomotores, no ensino Fundamental I. Duas escolas de nivel medio – uma publica e outra particular –, da cidade de Bauru, constituiram-se enquanto campo de analise para Priscilla Aparecida Santana Bittencourt e Joao Pedro Albino estabelecerem um estudo comparativo sobre o uso de tecnologias em sala de aula. Os resultados demonstraram que e possivel alargar o espaco da sala de aula atraves de recursos tecnologicos, facilitando o entendimento sobre os conteudos e incrementando positivamente o processo de ensino-aprendizagem. Os tres artigos finais tratam do Ensino Superior. Elisabete Cerutti e Marcia Dalla Nora refletem sobre o uso pedagogico de recursos tecnologicos em cinco cursos de licenciatura – Matematica, Letras, Pedagogia, Ciencias Biologicas e Educacao Fisica – da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missoes (URI) – Campus de Frederico Westphalen. Ana Paula Torres, Leny Andre Pimenta e Maria Teresa Miceli Kerbauy analisam as aplicacoes efetivas das tecnologias de informacao e comunicacao entre alunos de graduacao em Pedagogia, mestrandos, doutorandos e docentes do Programa de Pos-Graduacao em Educacao Escolar da Faculdade de Ciencias e Letras, Unesp Araraquara, concluindo que ferramentas digitais – como mediadoras do processo ensino e aprendizagem – englobam mais do que acesso, uso e apropriacao de tecnologias e metodos para processos educativos: constituem-se enquanto construcao social do conhecimento. Silvio Henrique Fiscarelli e Camila Lourenco Morgado (FCLAr/Unesp), e Flavia Maria Uehara (Ufscar), investigam o uso de Objetos de Aprendizagem (OA) como recursos de apoio a criancas com dificuldade no processo de alfabetizacao nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Assim, esperamos contribuir com o debate presente nos dias de hoje sobre o papel das tecnologias na Escola. Agradecemos a oportunidade de ocupar este espaco Editorial e desejamos a todos uma boa leitura!
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