
CONTUSÃO PULMONAR EM ONÇA-PARDA (Puma concolor, Linnaeus 1771)
2017; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ; Volume: 4; Linguagem: Português
10.4025/revcivet.v4i0.39802
ISSN2358-4610
AutoresStacy Wu, Ronaldo José Piccoli, Mariana Reffatti de Oliveira, Anderson Carvalho,
Tópico(s)Microbial infections and disease research
ResumoA onca-parda ( Puma concolor ) ocorre em todos os biomas do Brasil e apresenta-se sob alto indice de ameaca devido a supressao de habitat, aos atropelamentos e a caca retaliatoria. Dados indicam que de 2004 a 2012, 18 oncas-pardas foram atropeladas nas rodovias brasileiras, porem acredita-se que este numero e subestimado, ja que alguns individuos nao progridem ao obito imediatamente e tendem a deslocar-se para fora da rodovia, cabendo a estes possibilidade de recuperacao clinica de acordo com as lesoes produzidas e tempo para atendimento especializado. Nao ha ate momento um estudo que avalie as lesoes geradas por atropelamento em carnivoros silvestres, contudo se considerarmos os estudos retrospectivos em caes domesticos, que estimaram a frequencia de contusoes pulmonares em 44%, deve-se considerar que tal condicao clinica possa ser frequente em pumas. O objetivo deste relato e demonstrar a estrategia terapeutica para resolucao de quadro de contusao pulmonar em uma femea de P. concolor , encaminhada pela Policia Militar ao Hospital Veterinario da UFPR– Setor Palotina, apos ser vitima de acidente automobilistico. A paciente, em estado de estupor foi contida quimicamente com cloridrato de cetamina (10mg/Kg), maleato de midazolam (0,5mg/Kg) e sulfato de morfina (0,1mg/Kg) via injecao intramuscular para avaliacao fisica e realizacao de exames complementares, concomitantes a fluidoterapia (Cloreto de Sodio 0,9% 80ml/Kg/dia com solucao de eletrolitos - Bionew 0,2mL/kg/dia) e suplementacao de oxigenio via mascara facial. No exame fisico inicial foi constatado quadro de hipotensao e hipotermia, presenca de material sanguinolento em cavidade oral, e presenca de solucao de continuidade do tecido cutâneo, com laceracao de musculatura em hemitorax esquerdo sem comunicacao pleural. A paciente apresentava dispneia, com padrao respiratorio abdominal e sons de crepitacao broncovesiculares na ausculta pulmonar. No estudo radiografico toracico foi observado opacificacao pulmonar, de aspecto alveolar em topografia de lobo pulmonar caudal esquerdo compativel com hemorragia devido a contusao pulmonar. Frente ao diagnostico de contusao pulmonar foi instituido o corticosteroide hidrocortisona (dose ataque de 10mg/kg, EV, dose unica, 1 o dia), antibioticoterapia (enrofloxacina 2,5mg/kg, EV, BID) e analgesia com cloridrato de tramadol (2mg/kg, EV, BID) e dipirona (25mg/kg, EV, BID), alem de cloridrato de ranitidina (2mg/kg, EV, BID) como protetor gastrico. O tratamento foi continuado com hidrocortisona (5mg/kg, EV, SID) por mais dois dias. Durante todo periodo de estupor, a paciente foi mantida em ambiente rico em oxigenio e submetida a trocas seriadas de decubito como prevencao de quadros de pneumonia hipostatica e ocorrencia de escaras de decubito. No quinto dia de tratamento, a paciente estava em estacao, com remissao total do quadro respiratorio, e uma radiografia toracica foi realizada no nono dia apos contencao quimica para nova avaliacao do estado geral. O tratamento da contusao pulmonar e complexo, focado na manutencao de troca adequada de gases no sangue, manejo da dor, restabelecimento da volemia, oxigenoterapia (mascara ou ventilacao mecânica) e estabilizacao cirurgica da parede toracica, se necessario. O uso de adequada analgesia associada a ambientes ricos em oxigenio minimizam a insuficiencia respiratoria e melhoram o quadro ventilatorio. O uso da corticoterapia para tratamento da contusao pulmonar traumatica ainda e controverso, porem esta classe de drogas diminui a inflamacao, aumenta o numero e a sensibilidade dos receptores β2 e inibe a migracao e a funcao dos leucocitos melhorando a oxigenacao. Na pediatria o anti-inflamatorio esteroidal e amplamente usado em doencas respiratorias infantis. O beneficio clinico dos corticosteroides requer de 4 a 12 horas para ser observado na insuficiencia respiratoria aguda secundaria a contusao pulmonar, semelhante ao observado com a onca-parda. Contusoes pulmonares sao sequelas frequentes por traumatismo em acidentes automobilisticos e o rapido diagnostico permite o tratamento adequado e melhora o prognostico do paciente. O uso de corticosteroide ainda e controverso, porem se mostrou efetivo para o tratamento de contusao pulmonar de grau moderado no especime de Puma concolor .
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