
Terapia combinada no tratamento de pitiose gastrointestinal em um canino
2012; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL; Volume: 40; Linguagem: Português
ISSN
1679-9216
AutoresBeatriz Persici Maroneze, Sônia A. Botton, Marco Aurélio Mota, Raulene Rodrigues Lobo, Mauro Pereira Soares, J. S. S. Valente, Maria I. Azevedo, Tatiana Corrêa Ribeiro, Eliza Simone Viégas Sallis, Dênis Halinski da Silveira, Franciele Elisa Stoll, Janio M. Santurio, Daniela Isabel Brayer Pereira,
Tópico(s)Veterinary Oncology Research
ResumoIntroducao: Pythium insidiosum e um oomiceto aquatico, que acomete mamiferos e causa pitiose em animais e no homem. A pitiose esta relacionada ao contato de animais e humanos com aguas contaminadas pelo agente, onde produz zoosporos moveis que, constituem-se na forma infectante da doenca. O tratamento e dificil e seu prognostico e desfavoravel. As terapias utilizadas apresentam resultados variados e podem incluir imunoterapia, cirurgia e combinacao de antimicrobianos. A doenca e frequente em equinos, sendo os caninos a segunda especie mais atingida. As infeccoes caracterizam-se pela formacao de piogranulomas gastrintestinais e cutâneos. Na maioria dos relatos de pitiose canina, o diagnostico e realizado somente post-mortem, nao havendo tempo para terapia, e quando e realizado tratamento, observam-se baixos indices de cura. Neste trabalho, relata-se a cura clinica de um cao com pitiose gastrointestinal precocemente diagnosticado e tratado com uma associacao de antifungicos e imunoterapia Pitium Vac®, na regiao sul do Brasil. Caso: Um cao, macho, Beagle com 30 meses de idade apresentou episodios de vomitos esporadicos que se tornaram frequentes 5 meses apos o surgimento dos sinais clinicos. Na consulta, o veterinario suspeitou de ulcera gastrica. No procedimento de celiostomia foi observado um aumento de espessura, de 1,6 centimetros, na parede do estomago que se estendia ao piloro e duodeno. Uma biopsia foi realizada e o material coletado enviado para analises micologica e histopatologica. No exame direto, clarificado com hidroxido de potassio 20%, observou-se hifas cenociticas largas com ramificacoes em ângulo reto. Na cultura, em agar CMA, houve o crescimento de uma colonia radiada apresentando micelio curto e esbranquicado, 48h apos incubacao a 37°C. A caracterizacao morfologica, pela tecnica de zoosporogenese, evidenciou zoosporângios e zoosporos caracteristicos de P. insidiosum. O agente etiologico foi confirmado atraves da identificacao molecular pelas tecnicas de PCR e sequenciamento de DNA. Na analise histopatologica haviam areas de necrose delimitadas por inflamacao piogranulomatosa (neutrofilos, eosinofilos, macrofagos e celulas gigantes epitelioides) contendo hifas no interior dessas lesoes. A impregnacao pela prata (Grocott) evidenciou hifas de paredes paralelas e escuras. Na imunohistoquimica foram visualizadas hifas fortemente imunomarcadas. A terapia baseou-se na associacao de antifungicos: terbinafi na (5mg/kg/dia/ oral) e itraconazol (10mg/kg/dia/oral), associado a seis doses do imunoterapico Pitium VAC®, aplicado via subcutânea a cada 15 dias. A avaliacao ultrasonografi ca, apos 45 dias de tratamento, monstrou diminuicao da espessura do estomago para um centimetro e aos 90 dias de tratamento mostrou reducao completa da lesao Discussao: A pitiose gastrointestinal canina cursa com vomito e perda de peso. A maioria dos caes afetados e proveniente de regioes rurais ou estiveram em locais alagados como acudes e banhados. As lesoes gastrointestinais se caracterizam pela formacao de grandes massas nas paredes do estomago e intestino, podendo ocasionar a oclusao da luz do orgao. As caracteristicas observadas neste relato estao de acordo com o descrito na literatura. Segundo alguns autores, a cirurgia seria a opcao mais segura, porem as recidivas pos-operatorias sao frequentes. Aliado a isso, nenhuma das terapias antifungicas propostas para pitiose canina resultaram em sucesso, assim como as tentativas isoladas de imunoterapia. Os resultados obtidos neste caso clinico mostraram a cura clinica do animal e permitem-nos recomendar a utilizacao de Pitium Vac® em combinacao com antifungico na terapia de pitiose canina.
Referência(s)