Chinesices no sertão : Um conto de Guimarães Rosa. « Poussières d'Asie » na literatura brasileira
2000; Brill; Volume: 7; Issue: 1 Linguagem: Português
ISSN
1768-3084
Autores Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
ResumoChinesices no sertao. Um conto de Guimaraes Rosa («Poussieres d'Asie» na literatura brasileira) ; O Brasil sempre foi um foco de atracao para estrangeiros. So recentemente passou a ser um pais de emigracao. Dentre as imigracoes posteriores a portuguesa e a africana, a italiana detem o primeiro lugar : as extra-europeias tem bem menor importância, embora se devam ressaltar a sirio-libanesa e a japonesa e, por fim, os coreanos. ; Contingente imigratorio pouco volumoso e nada sistematico e o dos chineses. Nao chegaram sequer a edificar um bairro proprio, preferindo instalar-se ou avulsamente ou junto aos japoneses. Arribados quase aleatoriamente e em numeros pouco significativos, acomodaram-se no ramo aa restauracao barata, da lavanderia-tinturaria e da importacao-exportacao, tal como fizeram em muitos paises pelo mundo afora. Foram igualmente aproveitados enquanto coolies, em obras de engenharia pesada como a construcao de estradas de ferro. Foram muito cogitados na segunda metade do seculo XIX como conveniente substituicao para o braco escravo. ; Tanto mais original, e ate raro, encontrar um conto - «Orientacao», de Tutameia - Terceiras estorias (1967) - de Joao Guimaraes Rosa, apresentando um chines no sertao. Esta personagem, Yao Tsing-Lao -nome sucessivamente reinterpretado para Joaquim, Quim e afinal Seo Quim quando chega a dono de chacara -, comecando como um transeunte sem eira nem beira acabara por se tornar proprietario e respeitavel. Ao se casar com uma sertaneja, o enlace da margem a um desdobrar quase infinito de metaforas da incompatibilidade, quase sempre oximoroticas, mostrando o conflito entre o representante de uma antiga civilizacao e uma nativa nada civilizada. O casamento se desmancha, mostrando um Quim que poe o pe na estrada de novo e sai de cena, enquanto sua ex-esposa aos poucos passa a imitar sua maneira de ser : nao e ele quem se acultura a sociedade inclusiva em que passara a viver, mas sim ela que se acultura a ele. O trabalho procura analisar como tal processo e literariamente construido nesse conto.
Referência(s)