
USO DE FALCOARIA COMO FERRAMENTA PARA REABILITAÇÃO DE AVES DE RAPINA
2017; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ; Volume: 4; Linguagem: Português
10.4025/revcivet.v4i0.39822
ISSN2358-4610
AutoresRonaldo José Piccoli, Stacy Wu, Guilherme Pancera Adams, Dhandrea Vithoria Rodrigues Narok, Hamilton Augusto Giovannini Pinto, Anderson Carvalho,
Tópico(s)Rabies epidemiology and control
ResumoA reabilitacao de aves silvestres e um processo complexo, que envolve conhecimentos inerentes as areas de Ciencias Biologicas e de Medicina Veterinaria, e que tem avancado significativamente nos ultimos anos para resolucao clinica das mais diferentes afeccoes a que esta classe esta sujeita. Comumente, aves de rapina sao encaminhadas para atendimento Medico Veterinario apos lesoes traumaticas por projeteis ou colisoes, e destas destacam-se a ocorrencia de fraturas, que em sua maioria, impossibilitam o animal de desenvolver atividades de voo e de caca. A correcao de fraturas exige uma maior permanencia da ave em cativeiro durante seu tratamento, e em muitos casos apenas a resolucao cirurgica nao e suficiente para permitir pleno retorno ao voo. Apesar de demandar tempo, recursos e dedicacao, a falcoaria e um metodo bastante util para a reabilitacao de rapinantes e esse trabalho objetiva relatar o uso desta tecnica na reabilitacao de um especime de gaviao-de-cauda-curta ( Buteo brachyurus) e dois especimes de gaviao-carijo ( Rupornis magnirostris ) , atendidos pelo Hospital Veterinario (HV) da Universidade Federal do Parana, em Palotina/PR. Os animais foram conduzidos ao HV pelo Instituto Ambiental do Parana (IAP) apos serem encontrados incapacitados de voar. Apos exames fisicos e estabilizacao clinica, os pacientes foram direcionados para estudo radiografico, no qual, contataram se fraturas, que foram abordadas e estabilizadas com o uso abordagem cirurgica e/ou talas/bandagens. As fraturas apresentadas pelos animais relatados foram em membro toracico, a saber: osso umero ( Buteo brachyurus e Rupornis magnirostris ) e osso carpo maior ( Rupornis magnirostris ). As fraturas de umero foram reduzidas com o emprego de pino intramedular por tecnica retrograda ( Buteo brachyurus ), e por fixador externo tipo “ Tie-in ” tecnica normograda ( Rupornis magnirostris ) associado a bandagem em oito ( Rupornis magnirostris ). As cicatrizacoes das lesoes foram acompanhadas por estudos radiograficos seriados e apos o estabelecimento de calo osseo, estabilidade da fratura, e formacao de nova cortical com uniao de ambos os fragmentos osseos, os fixadores/bandagens foram removidos. Ja com alta medica e boa condicao de saude, as aves foram incluidas nas atividades de falcoaria, e para isso, equipadas com braceletes de couro na regiao de tarsometatarso, e demais itens como correias, destorcedores e trela. A primeira fase do treinamento de falcoaria consistiu no amansamento da ave, que permitiu o animal se adaptar a presenca do treinador e dos acessorios de treino, alem de aceitar comida fornecida por este. Findada essa etapa as aves foram condicionadas a aceitar uma maior interacao com o treinador, passando a empoleirar/”saltar” e se alimentar no braco do falcoeiro. No momento em que os animais saltavam para a luva de treino em busca da alimentacao, era realizado um estimulo sonoro por meio de um apito, para que a ave associasse o som com a disponibilidade de alimento. Depois de bem estabelecido essa ligacao, os animais passaram a saltar para luva de treino ao ouvirem o apito. O treinamento foi realizado todos os dias, visando restituir o condicionamento fisico dos animais e as habilidades de voo. Foram realizadas filmagens com recurso de câmera lenta para melhor avaliacao das asas, como angulacoes e amplitudes de movimentos dos membros afetados em comparacao com os que nao haviam sido lesionados. Sinalizada a capacidade de reintroducao dos animais e com anuencia do IAP, os animais foram reconduzidos a vida livre. O tempo medio de permanencia dos animais sobre tratamento/reabilitacao foi de quatro meses. Sabe-se que as etapas treinamento de rapinantes podem ser divididas em amansamento, condicionamento operante, condicionamento fisico e caca, todavia, nos casos apresentados nao foi necessaria a fase de caca, pois os animais eram adultos quando sofreram o trauma. Por fim, a utilizacao das tecnicas de falcoaria como ferramenta para reintroducao de aves impedidas temporariamente de retornar a natureza nao deve ser escusada pelos profissionais que atuam na area da reabilitacao. A tecnica apresenta inumeros beneficios, contudo requer perseveranca e tempo, alem de conhecimentos inerentes aos aspectos biologicos de cada especie a ser treinada.
Referência(s)