
o estranho caso do "Cidadão Quinlan"
1998; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS; Volume: 9; Issue: 1 Linguagem: Português
ISSN
1980-6248
Autores Tópico(s)Hannah Arendt's Political Philosophy
ResumoEm Touch of Evil, Orson Welles, diretor e ator, da vida a um personagem e a um enredo onde elementos de critica social se entrelacam em busca de respostas para o enigma de vidas marcadas pela maldade. A trama, aparentemente apenas mais um exemplo do duelo mortal entre bandido e mocinho, tao recorrente na cinematografia hollywoodiana, desenvolve-se numa atmosfera estranha e misteriosa, onde situacoes improvaveis e personagens inusitados compoem imagens, ora grotescas, ora dramaticas, da condicao humana degradada. O espectador encontra ai a mesma intrigante ambiguidade presente em outros fUmes de Welles, como Cidadao Kane (1941) e Grilhoes do passado (1955), onde o abuso do poder e da riqueza associa-se a um destino tragico de solidao e de morte. O cineasta parece oscilar permanentemente entre a vontade politica e pedagogica de denunciar e punir os maus e o impulso irresistivel de desvendar a historia intima dos personagens, trazendo a tona o segredo de suas vidas. Sob este aspecto, a historia e para o espectador um fio de Ariadne, chamando-o a penetrar, atras da divisao estereotipada entre bem e mal, os motivos ocultos que levam individuos sensiveis e integros ao crime e a corrupcao. A tensao entre estes dois enfoques contribui para criar efeitos desconcertantes na obra de Welles, onde multiplos sentidos se cruzam impossibilitando qualquer leitura linear. Em Touch of Evil, o bom e o mau, empenhados num combate sem tregua, sao construidos por um contraste berrante na caracterizacao visual, na acao, no discurso; no entanto, alem deste contraste, responsavel pela dinâmica da historia, pode-se perceber um lastro comum entre eles, a ponto de um parecer apenas a imagem antitetica do outro, como Dorian Gray e seu retrato.
Referência(s)