Artigo Produção Nacional

Esporotricose, um agravo de notificação compulsória e seus riscos em gatos domésticos: 15 casos com lesão nasal refratária

2017; Volume: 15; Issue: 3 Linguagem: Português

ISSN

2596-1306

Autores

M. C. H. Cavalcanti, Sandro Antônio Pereira, Isabella Dib Ferreira Gremião, Rodrigo Caldas Menezes,

Tópico(s)

Nail Diseases and Treatments

Resumo

Esporotricose e uma doenca causada por fungos do complexo Sporothrix spp. e se encontra em situacao hiperendemica na regiao metropolitana do Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro, Brasil, onde sua transmissao para os seres humanos e atribuida ao contato com o gato domestico que e considerado a sua principal fonte de infeccao. Somente no ano de 2013 e que a esporotricose humana passou a ser oficialmente considerada como um agravo de notificacao compulsoria e no ano seguinte em animais, especialmente felinos, cujas lesoes encontram-se frequentemente na regiao nasal e podem persistir por refratariedade a terapia antifungica de eleicao, inclusive com evolucao do animal para obito. Este trabalho descreve as possiveis variaveis epidemiologicas e clinicopatologicas relacionadas aos riscos de esporotricose em gatos domesticos que apresentavam lesao nasal refrataria ao itraconazol. Foi realizado um estudo observacional retroprospectivo descritivo de uma serie de casos com amostra de conveniencia composta por 15 gatos com esporotricose nasal refrataria a terapia com itraconazol oral (8,3 a 27,7mg/kg/dia) apos minimo de oito semanas de tratamento regular entre os anos de 2007 e 2009. Os animais foram atendidos no Laboratorio de Pesquisa Clinica em Dermatozoonoses (Lapclin-Dermzoo) do Instituto Nacional de Infectologia (INI), um centro publico de referencia em assistencia gratuita na esporotricose humana e animal, no qual foi fornecido antifungico aos pacientes. Os dados epidemiologicos e clinicos foram obtidos em prontuarios do setor. Todos os animais foram submetidos a biopsia com punch em lesao nasal refrataria, sendo incluidos no estudo apenas aqueles com isolamento micologico a partir do fragmento acondicionado em salina esteril. Um segundo fragmento, fixado em formalina tamponada e emblocado em parafina, foi submetido a histotecnicas com hematoxilina e eosina, e a impregnacao pela prata de Grocott. Todos os dados foram armazenados e analisados com o emprego do programa Excel 2010®. No grupo de animais incluidos na investigacao, houve predominio de gatos machos nao castrados (66,7%), com idade inicial mediana de dois anos e cinco meses. O acesso do animal a rua foi um relato comum, com possibilidade de inoculacao do fungo por meio de arranhadura em 40,0% dos casos. O tempo de procura por atendimento apos verificacao de sinais clinicos pelo tutor teve mediana de sete semanas (2 a 20). Onze gatos (n=15) apresentaram estado geral inicial bom, com predominio de lesoes apenas na regiao nasal (n=8), seguidamente em tres sitios nao contiguos (n=5) e dois nao contiguos (n=2). Houve verificacao predominante de lesoes ulceradas na regiao nasal (9/15), de nodulo em seis casos e de tumoracao em quatro casos. A lesao macroscopica acometia apenas a pele nasal em nove casos, estendendo-se para a mucosa em seis. Espirros foram o principal sinal extracutâneo observado (n=9), alem de dispneia (n=5) e secrecao nasal (n=1). Na histopatologia, foi verificada a presenca de lesao piogranulomatosa com estruturas leveduriformes compativeis com Sporothrix spp. em 12/15 casos com brotamento em 53,3% apos tratamento regular com mediana de 40 semanas (8 a 336). Ocorreu evolucao para obito associado a doenca em 6/15 casos. A conclusao obtida foi que gatos machos, jovens, nao castrados, semidomiciliados apresentaram caracteristicas predisponentes a esporotricose, enquanto a presenca de lesao nasal, de espirros e diagnostico mais tardio demonstraram a possibilidade de persistencia da lesao e agravamento do quadro clinico por falha terapeutica mesmo apos terapia regular prolongada com farmaco de eleicao.

Referência(s)