Artigo Produção Nacional Revisado por pares

Gênero feminino mebengokre (kayapó): Desvelando representações desgastadas

1994; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS; Issue: 3 Linguagem: Português

ISSN

1809-4449

Autores

Vanessa Léa,

Tópico(s)

Urban and sociocultural dynamics

Resumo

Este artigo tenta reconciliar representacoes opostas das mulheres Mebengokre segundo sua caracterizacao na literatura antropologica e nos meios de comunicacao de massa - como impotentes ou muito poderosas. Desde aproximadamente uma decada atras, as feministas abandonaram a nocao simplista da dominacao universal das mulheres, substituindo-a por uma perspectiva mais sofisticada que resultou do entendimento de que tanto as mulheres como o contexto da sua vida cotidiana sao multi-facetados. A nocao de agency e um instrumento util para reconsiderar a posicao ocupada pelas mulheres na sociedade. E feita uma tentativa de analisar a construcao social de genero na sociedade Mebengokre. E questionada a validade da dicotomia classica da antropologia referente aos Je/Bororo, entre uma esfera publica, cerimonial e politica monopolizada pelos homens e uma esfera feminina periferica, privada e domestica. A sociedade Mebengokre e uma sociedade de casas no sentido Levi-Straussiano. As pessoas pertencem a Casa, cada qual ocupando uma porcao fixa no circulo da aldeia. Em suma, as Casas, que implicam em uma ideologia uterina, foram ignoradas por outros antropologos. Reconhecidas como o traco fundamental da organizacao social, transformam nossa visao das mulheres Mebengokre. Abstract This article attemps to reconcile opposed views of Mebengokre women as they have been portrayed in the anthropological literature and in the mass media - as powerless or as mighty forces. In the last decade or so, feminists have abandoned the simplistic notion of the universal domination of women, replacing this with a more sophisticated perspective stemming from the realization that both women and the context of their daily lives are multifaceted. The notion of agency is a useful instrument for reconsidering the position occupied by women in society. An attempt is made to analyse the social construction of female gender in Mebengokre society. The validity of the classical anthropological Je/Bororo dichotomy between a public, ceremonial and political sphere monopolized by men and a peripheral, private, domestic female sphere is called into question. Mebengokre society is a house-based society, in a Levi-Straussian sense. People belong to their mother's House and all heritable prerogatives and wealth belong to Houses, each occupying a fixed portion of the village circle. In sum, Houses, entailing a uterine ideology have previously been overlooked by anthropologists. Taken as the major feature of social organization, they alter our view of Mebengokre women.

Referência(s)