
Liberdade antiga e liberdade moderna (Variações sobre um velho tema)
1950; Issue: 1 Linguagem: Português
10.11606/issn.2595-2501.rusp.1950.143215
ISSN2595-2501
Autores Tópico(s)Social and Political Issues
ResumoAtualidade do ProblemaOs estudos históricos constituem a mais bela fonte inspiradora de modéstia intelectual, de tolerância e de prudência, ao mesmo tempo que nos fortalecem a convicção sôbre a complexidade contraditória do ho mem.Das viagens que empreendemos através do tempo, contemplando o esforço civilizador da espécie, no rosário de suas conquistas e desven turas; do convívio entusiasta com figuras dominantes que marcam vér tices na experiência humana; do contato frio com os medíocres que, mui tas vêzes, o acaso beneficia com um traço de perpetuidade; da desco berta de gestos de nobreza imprevista em almas maceradas no crime, ao lado de delitos e vilezas, assinalando de sombra o roteiro dos melhores; da marcha inexorável dos séculos nivelando instituições, harmonizando antagonismos antigos e forçando inesperadas rupturas; de tudo isso o que nos resta é um sentimento de mais fundo humanismo, um desejo im pénitente de composição superior de valores, mediante uma sondagem nas forças primordiais do espírito.Nesse esforço ingente de compreensão do humano, altemam-se as perspectivas históricas.Cada época escreve a "sua" história dos roma nos e dos gregos, por mais que o positivismo pretenda esquematizar os fatos na impessoalidade objetiva de seus nexos causais.O que vale na história talvez seja menos o fato do que a sua compreensão, e esta im plica necessariamente em uma atitude de escolha, em uma tomada de posição entre valores, subordinada á hierarquia axiológica do ciclo social a que pertencemos.O passado, quando por nós considerados -já o dissemos em um livro juvenil -não é imóvel pelo simples fato de ser passado.Muda-se a posição do observador no tempo, e eis que uma luz nova se projeta sôbre os fatos, revelando aspectos imprevistos, detalhes que alteram subs tancialmente o quadro histórico, abalando convicções das mais ro bustas.Daí o horror dos dogmáticos pela história, tão certo como há, a par de outras, uma história de Roma para o Vaticano, e outra para o Krem lin, ambas ricas de visualidades tentadoras
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