
BEATRIZ DE NAZARÉ (1200-1268) E OS SETE MODOS DO AMOR
2017; Volume: 19; Issue: 3 Linguagem: Português
10.22478/ufpb.1516-1536.2017v19n3.37751
ISSN2763-9355
AutoresMaria Simone Marinho Nogueira,
Tópico(s)Psychology and Mental Health
ResumoA mística feminina medieval, desenvolvida entre os séculos XII e XV, fala, com propriedade, de um conhecimento íntimo de Deus, de uma união entre o humano e o divino que se funde numa só forma e que pode ser lido à luz do que Bataille chama de erotismo sagrado, onde se desenvolve a ideia de se pertencer a um todo, pois, o que está sempre em questão é a substituição do isolamento do ser, de sua descontinuidade, por um sentimento de continuidade profunda. Este sentimento, por sua vez, pode ser visto em Beatriz de Nazaré (monja cisterciense, nascida em Tirlemont, na Bélgica, em 1200), quando ela pensa e vive o divino na sua plenitude: sem limites, sem objeções, sem intermediários (sine medio), no que podemos chamar de uma ascese do desejo, apresentada ao longo do seu livro Os sete modos de amor. No percurso de sua obra, Beatriz se mostra como uma autêntica trovadora de Deus, como uma anunciadora do divino, cujas ideias ultrapassam, em muito, os simples limites da razão. Desta forma, neste texto, pretendemos apresentar a experiência do desejo em Beatriz de Nazaré como a experiência absoluta do Amor (Minne) que, por sua vez, exige um desnudamento absoluto da alma (amante) que busca Deus (Amor), constituindo-se todos os sete modos do percurso da alma numa verdadeira ascese do desejo, sem, entretanto, deixar de lado toda uma erótica do conhecimento, vista a partir das ideias do conhecimento de si e do conhecimento de Deus.
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