
The Droughts 2013/2014 in Southeast Brazil
2018; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO; Volume: 41; Issue: 1 Linguagem: Português
10.11137/2018_1_100_107
ISSN1982-3908
AutoresHugo Alves Braga, Luiz Carlos Baldicero Molion,
Tópico(s)Agricultural and Food Sciences
ResumoA afirmação propalada na mídia de que as secas da Região Sudeste estão sendo causadas pelo desmatamento da Amazônia não tem base científica e não sobrevive a uma análise de dados climáticos. A estiagem pela qual o Sudeste passou em 2013 e 2014 - e que causou grandes transtornos sociais notadamente pela falta de água para consumo humano especialmente nas grandes cidades - é decorrente da variabilidade natural do clima e já ocorreu, até com intensidade maior, no passado, notadamente nas décadas de 1930 e 1960, quando o desmatamento da Amazônia era incipiente. A umidade para as chuvas do Sudeste não é produzida na Amazônia. Ela vem do Atlântico Tropical, apenas passa sobre a Amazônia e interage com a floresta. A partir de uma caixa virtual inscrita entre 0º e 12,5ºS, 45ºW e 75ºW, calculou-se a divergência do fluxo de umidade no período 1999 a 2014 utilizando o conjunto de dados de Reanálises disponíveis no ESRL/PDS/ NOAA. Os resultados indicam que os anos de 2013 e 2014 apresentaram os maiores valores de fluxo de umidade média anual exportado para região Sul/Sudeste, 2014[3,45x108kg/s] e 2013[3,08x108kg/s] respectivamente, durante o período estudado. Este estudo, portanto, demonstra que não houve falta de umidade atmosférica sobre o Sudeste. E, ainda, as análises dos campos de velocidade vertical Ômega e ROLE observados no verão austral mostram a permanência de um sistema de alta pressão atmosférica sobre a Região que produziu intensa estabilidade atmosférica particularmente em 2014. Apesar do forte aquecimento continental nessa estação do ano, esse sistema de alta pressão foi o responsável pela seca severa, pois inibiu a formação de nuvens e o desenvolvimento de nuvens de tempestades e, simultaneamente, bloqueou a entrada dos sistemas frontais vindos do sul do Continente Sul-Americano, que é um mecanismo fundamental na produção do total pluviométrico regional durante o verão austral. Conclui-se que a estiagem na Região Sudeste nos anos de 2013-2014 não foi provocada pela falta de umidade atmosférica e sim pela falta de um mecanismo dinâmico capaz de converter em chuva a umidade proveniente do Atlântico Tropical.
Referência(s)